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Rompimento de barragem despeja lama em córrego no Rio

Cerca de 2 bilhões de litros de rejeitos despejaram em rio

Por Agencia Estado
Atualização:

O rompimento na madrugada desta quarta-feira de parte do maciço de uma barragem de contenção de rejeitos da Mineradora Rio Pomba Cataguases Ltda, em Miraí, Zona da Mata mineira, provocou o vazamento de pelo menos 2 bilhões de litros de lama no córrego de Bom Jardim, que deságua no ribeirão Fubá. A mancha atingiu o Rio Muriaé, que abastece cidades do noroeste do Rio de Janeiro. Após o acidente, centenas de construções ficaram alagadas em Miraí. A barragem de rejeito teria se rompido em razão das fortes chuvas que atingiram a região da Zona da Mata. Técnicos da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e o do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) analisaram a lama derramada e concluíram que ela não contém material tóxico, sendo constituída por grande quantidade de argila e água. Até o final da tarde desta quarta-feira não havia confirmação sobre vítimas fatais. Mancha de lama Após um temporal de cerca de cinco horas, uma grande mancha de lama desceu o leito do ribeirão Fubá e atingiu principalmente a parte baixa de Miraí. As propriedades rurais foram as primeiras a serem atingidas. Plantações e pastagens ficaram encobertas. Na área urbana, casas, lojas e carros ficaram cobertos do resíduo. As marcas da sujeira chegavam a 1,5 m de altura. A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) informou que pelo menos 100 pessoas estavam desabrigadas no município e cerca de quatro mil desalojadas, em decorrência do acidente, mas principalmente em razão das chuvas que atingiram a região nos últimos dias. Representantes da Feam, Defesa Civil e do Ministério Ministério Público Estadual (MPE) sobrevoaram a cidade e se reuniram com moradores, que cobraram providências. Miraí possui cerca de 15 mil habitantes. O prefeito Sérgio Luiz Resende (PMDB) disse que ainda não havia calculado a dimensão dos prejuízos provocados pelo acidente, mas o abastecimento de água no município não foi comprometido. O coordenador da Defesa Civil Municipal de Muriaé, tenente Patrick Tavares, afirmou que o Rio Muriaé estava seis metros acima do seu nível normal. O município também sofre com enchentes provocadas pelas chuvas. Segundo a prefeitura, cerca de 1,2 mil casas foram atingidas. Interdição No dia 1º de março do ano passado, o rompimento de uma das placas do vertedouro da mesma estrutura provocou um acidente ambiental de grandes proporções, com o despejo de cerca de 400 milhões de litros de lama no córrego Bom Jardim, ribeirão Fubá e o Rio Muriaé. Com o novo acidente, o governo de Minas decidiu interditar em definitivo a mineradora, que extrai bauxita na região, matéria-prima utilizada na fabricação de alumínio. "Estamos diante de uma reincidência", observou o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos de Carvalho, que também se deslocou para a região. Ele disse que as atividades da empresa foram paralisadas e não será permitida a reconstrução da barragem e nem concedida nova licença ambiental. "Determinamos a aplicação da multa máxima permitida na legislação, a recuperação dos danos ambientais causados e também responsabilizando a empresa pelos danos causados a terceiros, principalmente danos matérias da comunidade que foi afetada pelo material que extravasou da barragem". O valor da multa poderá chegar a R$ 50 milhões e o governo do Estado informou que iria solicitar ao MPE a adoção das providências necessárias para responsabilização civil e criminal dos empreendedores. Carvalho afirmou que os recursos da multa poderão ser revertidos para a aplicação nas atividades de recuperação dos danos ambientais e materiais. Carvalho admitiu que o acidente deverá comprometer o abastecimento de cidades do norte fluminense que captam água para abastecimento público no Rio Muriaé, como Laje do Muriaé e Itaperuna. A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) informou que disponibilizou 14 caminhões pipa para o fornecimento de água para a população de Laje do Muriaé. A visão da empresa A Mineradora Rio Pomba Cataguases informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que irá aguardar a conclusão de um laudo técnico para determinar as causas do rompimento da barragem de rejeitos. A avaliação preliminar da empresa, porém, é que o grande volume de chuvas que atingiu a cidade no final da noite de terça e madrugada de ontem (10) tenha provocado o acidente. De acordo com a Rio Pomba, as operações de extração de bauxita foram interrompidas por tempo indeterminado e os técnicos continuam monitorando a situação da água do córrego Bom Jardim até o Estado do Rio de Janeiro. A mineradora não informou as providências que pretende adotar em relação à interdição definitiva das operações, decidida pelo governo mineiro.

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