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Rompimento de barragem mata 4 e deixa desaparecidos no PI

Mais de 500 famílias foram atingidas pelas águas; governador Wellington Dias compara acidente a um tsunami

Por Fabiana Marchezi e Central de Notícias
Atualização:

O rompimento da Barragem Algodões I, na zona rural do município de Cocal, na região norte do Piauí causou a morte de quatro pessoas, entre elas uma adolescente de 12 anos. A jovem morava às margens do rio Pirangi e foi levada pelas águas. O rompimento da barragem deixou 953 desalojados, 2.000 desabrigados, 80 feridos leves, 4 mortes e um total de 2.953 pessoas afetadas, 120 casas destruídas e 11 desaparecidos, segundo o governo do Piauí.

 

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No acidente, dez milhões de metros cúbicos de água escaparam instantaneamente por um rombo de quatro metros na parede da barragem, originando uma onda devastadora com dez metros de altura. Outros 40 milhões de metros cúbicos escorreram pela abertura, que aumentou para 50 metros, segundo o governo do Estado. Francisca Maria Pereira (10 anos), Maria Tainara dos Santos (12 anos), João Alves dos Santos (72 anos), Francisca das Chagas dos Santos e (73 anos) são os nomes dos mortos na tragédia.

 

O governo do Piauí montou uma operação de guerra para atender as famílias que foram desabrigadas. Foram convocados cinco helicópteros, Defesa Civil Nacional, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) e voluntários. Uma comissão de gestão foi formada para coordenar as ações de resgate e atendimento as famílias que perderam casas e familiares.

 

Barragem de Algodões I rompeu e arrastou cidade na norte do Estado. Foto: Efe

 

O governador Wellington Dias esteve com uma equipe no local do acidente. Ele comparou o rompimento da barragem a um tsunami. A lâmina d'água tinha uma altura de 20 metros, o equivalente a um prédio de quatro andares, e arrastou tudo que estava na frente. "Eu vi animais mortos, casas com o telhado para baixo e paredes para cima, com bois, cavalos mortos. Geladeira em cima de arvores. As carnaúbas derrubadas. Uma cena terrível. A água arrastou tudo", contou o governador. Alguns cemitérios tiveram os túmulos revirados.

 

Há cerca de um mês, o governo foi informado de fissuras na parede da Barragem Algodões I. Foi autorizado o serviço de contenção, porque havia rachaduras e a estrada de acesso para o paredão da barragem foi cortada.

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"Há 25 dias as famílias que estavam no local foram retiradas e foram retiradas 10 mil pessoas entre Cocal e Buriti dos Lopes. As famílias voltaram às suas casas, porque houve redução das chuvas. Quem quisesse permanecer nos abrigos foi aconselhado", disse o governador.

 

Em Buriti dos Lopes, o governador disse que as famílias foram retiradas com mais facilidade. "Visitamos os abrigos e a coordenação e não houve mortes. Nossa meta é verificar as famílias em cada comunidade. São cem comunidade nas margens de 80 Km do Rio Piranji. Todas foram sobrevoadas para analisar a situação e buscar pessoas desaparecidas", informou.

 

Vítimas do rompimento contemplam a destruição causada pelas águas. Efrem Ribeiro/Jornal Meio Norte

 

A Companhia Energética do Piauí (Cepisa) desligou a energia na região para evitar acidentes. "Nós tivemos 17 torres do linhão de energia que abastece a região derrubadas. A região vai permanecer sem energia, porque a destruição foi muito forte e ainda estamos tomando providências", disse o governador.

 

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Os prefeitos de Cocal, Fernando Sales Filho (DEM) e de Buriti dos Lopes, Ivana Fortes (PMDB) estão sendo orientados pelo coronel Alexandre Lucas, da Defesa Civil Nacional. Foram instalados comandos para situação de segurança, saúde, alimentação e o atendimento necessário nos dois municípios.

 

O diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento do Piauí (Idepi), Norbelino Lira de Carvalho, engenheiro civil especialista em barragens, afirmou que o rompimento de Algodões I aconteceu após uma chuva de 106mm durante 4 horas na região da represa, usada pelos moradores de Cocal da Estação para irrigação, piscicultura e consumo doméstico.

 

"Acontece uma chuva dessa intensidade sobre uma barragem já fragilizada e em recuperação, em época atípica, quando não costuma mais chover nessa região. Além disso, choveu muito no Ceará, onde está a nascente do Pirangi. Posso dizer que foi um acidente da natureza", afirmou.

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(Colaborou Fabio M. Michel)

 

Texto ampliado às 21h40 para acréscimo de informações.

 

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