PUBLICIDADE

Rosinha resiste à intervenção; soldados do Exército voltarão aos quartéis

Por Agencia Estado
Atualização:

Os soldados do Exército, que completaram oito dias de patrulhamento ostensivo no Rio de Janeiro, voltarão aos quartéis no prazo máximo de uma semana. Segundo o ministro da Defesa, que se reuniu hoje com a governadora Rosinha Matheus e com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a atuação do Exército de agora em diante se restringirá ao apoio investigativo, via serviço de inteligência. A reunião teve como objetivo apresentar um plano de segurança pública para o Rio de Janeiro. Rosinha rejeitou a proposta do governo federal de subordinar as polícias civil e militar do Estado a um comando especial ligado à Polícia Federal, à Polícia Rodoviária Federal e ao serviço de inteligência do Exército. Também não aceitou a sugestão de federalizar o presídio de segurança máxima de Bangu 1, a segunda mais importante medida do pacote federal de combate à criminalidade no Rio. Em contrapartida, entregou aos ministros Márcio Thomaz Bastos e José Viegas um pacote com 17 itens, entre eles a federalização de Bangu 3, e a atuação da Polícia Federal e das Forças Armadas apenas no patrulhamento de fronteira. O programa, na verdade, é uma reedição de propostas já feitas pelo governo Garotinho ao então presidente Fernando Henrique Cardoso. O ex-governador também participou da reunião. Logo pela manhã, em seu programa de rádio, Rosinha criticara as medidas federais, alegando que elas caracterizaria uma intervenção branca no Estado. "A responsabilidade da PM e da Polícia Civil é do governo do Estado. Queremos parceria, porque combater narcotráfico não é responsabilidade nossa, é responsabilidade do governo federal. Gastamos 70% dos recursos de segurança para tentar acabar com o narcotráfico e isso não cabe a nós", disse no programa Bom Dia, Governadora. Thomaz Bastos e Viegas chegaram ao Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo do Rio, pontualmente às 17h, mantendo sigilo quanto às propostas que traziam na pasta. Hoje soldados do Exército completaram oito dias de patrulhamento ostensivo da cidade, a pedido do governo estadual, na tentativa de frear a onda de violência que varreu o Rio nas últimas semanas. Pela proposta do governo federal, a adoção das medidas implicaria na retirada das tropas da rua e a atuação do Exército se restringiria ao apoio investigativo, por meio do serviço de inteligência. Além dos ministros, participaram da reunião o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda; o superintendente da PF no Rio, Marcelo Itagiba, e o general Muniz, do Comando Militar do Leste. A governadora estava assessorada pelo secretário de Segurança Pública, Josias Quintal; pelo diretor do Instituto de Segurança Pública, coronel Jorge da Silva; pelo secretário estadual de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, e pelo presidente do PSB, Alexandre Cardoso. O sistema apresentado pelos ministros se parece com o que foi utilizado no Espírito Santo, onde a PF montou uma estrutura praticamente independente do setor de segurança do Estado. No Rio, as duas polícias ficariam subordinadas ao Cosi, um órgão ligado ao Comando Militar do Leste, mas que seria comandado por um civil. Bangu 1 Com apenas 19 presos, Bangu 1 reúne alguns dos mais perigosos criminosos do País. De lá foi transferido para São Paulo, em fevereiro, o traficante Fernandinho Beira-Mar, sob suspeita de comandar, da prisão, atos de vandalismo de traficantes do Comando Vermelho na cidade. O governo federal propôs a substituição dos agentes penitenciários do Desipe, por diversas vezes acusados de conivência com os presos, por agentes federais. O governo federal sugeriu que a União construa no Estado do Rio cinco presídios federais, arcando com 80% dos custos. Os restantes 20% seriam contribuição da administração estadual. Enquanto as unidades não estivessem prontas, o presídio de Bangu 3, com 900 vagas, seria federalizado, segundo a proposta apresentada por Rosinha. A governadora se dispôs, também, a transferir os presos de Bangu 1 para a terceira unidade do complexo. No documento entregue pela governadora, ela acentua que no Rio há 3 mil presos federais e condenados por crimes hediondos, "sem contrapartida federal". O plano federal apresentado a Rosinha foi acertado na última sexta-feira em uma reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os dois ministros no Palácio do Planalto. Mesmo depois da reação da governadora, pela manhã, nem Thomas Bastos nem Viegas aceitaram comentar as medidas antes do encontro com a governadora. Violência Mesmo com as sucessivas apreensões de armas e telefones celulares nos presídios nos últimos meses, nenhum funcionário do Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe) foi demitido. Apenas 6,2% das 225 sindicâncias abertas pelo departamento desde abril do ano passado contra seus funcionários resultaram em punições. Levantamento feito a pedido do Estado mostra que, nesse período - iniciado na posse da governadora Benedita da Silva (PT) -, só os acusados em 14 investigações foram punidos. Terminou às 18h de sexta-feira a vigilância homem a homem, feita com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM, que vinha sendo imposto aos presos de Bangu 1 desde o dia 24 de fevereiro. Naquela segunda-feira, a cidade sofreu com diversas ações criminosas, supostamente comandadas pelo traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Veja o especial:

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.