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Rota sobre o Atlântico não tem acidentes desde 1936

Considerada segura e de fácil operação, ela registra pelo menos cem voos por semana

Por Renato Machado
Atualização:

Embora seja uma área de atuação da Zona de Convergência Intertropical e com um trecho sem monitoramento por meio de radares, a rota aérea do Brasil para a Europa pelo Atlântico é considerada segura e de fácil operação pelos pilotos e especialistas. Pelo menos uma centena de voos utilizam esse trajeto semanalmente. Há sete décadas, não havia registros de acidentes nesse percurso sobre o oceano. "Podemos classificá-la como uma rota que merece atenção, por estar sujeita aos fenômenos climáticos da Zona de Convergência Intertropical. Mas ela é extremamente segura, tanto que é uma das principais da América do Sul e não temos registros de acidentes", diz o diretor de Segurança de Voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), comandante Carlos Camacho. Os especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que a rota é considerada de fácil operação, pois é praticamente uma linha reta e não há necessidade de fazer variações - como mudar a altitude - em virtude de trechos perigosos. "Às vezes é preciso fazer uma variação pequena na rota em virtude de uma tempestade ou turbulência. Mas são procedimentos quase que rotineiros", diz o comandante Camacho. Além de receber todos os voos que realizam o trajeto entre o Brasil e a Europa, a rota é utilizada por voos que partem ou chegam a outros países sul-americanos. Em um trecho no Oceano Atlântico, não há acompanhamento por radares, mas os especialistas afirmam que há outras formas de localização e comunicação, como sistemas de rádio e GPS, que tornam difícil uma desorientação. "Sempre que inicia um voo, o piloto recebe todas as informações, as tempestades que vai enfrentar e todas as outras dificuldades. Como há uma Zona de Convergência Intertropical, há turbulências e outros fenômenos climáticos, mas não uma turbulência que derrube um avião. Precisa ser algo mais forte", diz o diretor de Segurança de Voo do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), o comandante Ronaldo Jenkins. O último acidente que se tem registro aconteceu em 1936, antes de o caminho virar uma rota de aviação comercial. Morreram cinco pessoas, entre elas Jean Mormez, um dos principais ícones da aviação francesa e amigo do escritor Saint-Exupéry. Ele foi pioneiro na rota regular de correio aéreo entre a França e a América do Sul. Mormez realizou vários feitos na aviação e chegou a ser inspetor-geral da Air France, logo após o nascimento da companhia, em 1933. Ele realizou a primeira viagem para correio aéreo em 1930 entre a França e Natal (RN) contornando a costa africana e consolidou a rota quatro anos mais tarde. Em dezembro de 1936, ele realizava a 25ª viagem pelo percurso com seu hidroavião quadrimotor, quando teve um problema com a hélice e desapareceu no meio do Atlântico. Desde então, não havia registros de tragédias na rota. Na década de 1970, um avião da Varig pegou fogo em pleno voo e caiu a menos de um minuto da cabeceira do Aeroporto de Orly, em Paris. A aeronave, no entanto, já estava em rota de pouso.

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