Sabesp corta 23% do orçamento para interior de SP

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Por Agencia Estado
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O orçamento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para o interior será 23% menor no ano que vem. A cifra, que em 2001, é de R$ 130 milhões, baixará para R$ 100 milhões. "A queda acompanha a redução global do orçamento da Sabesp, em 2002", afirmou à Agência Estado o vice-presidente para o Interior, Plínio Xavier Mendonça Júnior . De acordo com o executivo, a companhia contará com R$ 580 milhões para investir no próximo exercício, ante os R$ 700 milhões deste ano. O aperto orçamentário reflete, segundo Mendonça Júnior, perdas de receita geradas, entre outros motivos, pelo racionamento de energia. Vale do Paraíba A vice-presidência do Interior responde por seis unidades de negócio: Vale do Paraíba (a maior em população e número de ligações), Itapetininga, Franca, Botucatu, Lins e Presidente Prudente. Cada unidade zela pelas cidades de sua região, somando 298 municípios. Em todo o Estado, a Sabesp atende a 366 cidades. O executivo afirmou que a redução orçamentária terá efeitos diferentes em cada área. Devido às suas proporções, o Vale do Paraíba será o mais afetado. O orçamento da região neste ano é de R$ 40 milhões, e cairá para R$ 27 milhões em 2002. "É pouco para as demandas e a maior parte do dinheiro irá para a continuação de obras", disse Mendonça Júnior. A principal demanda é por tratamento de esgoto. Conforme Mendonça Júnior, cerca de 55% do esgoto da região é tratado, mas há questões que precisam ser resolvidas. O município de Taubaté, por exemplo, necessita de R$ 60 milhões para o sistema. São José dos Campos, grande pólo industrial da região, possui 45% do esgoto tratado. No geral, o Vale do Paraíba requer investimentos de R$ 240 milhões nos próximos três anos para melhorar e expandir a coleta e tratamento de dejetos. Dinheiro alternativo "Com recursos próprios, a Sabesp não pode enfrentar esses desafios", disse Mendonça Júnior. A alternativa é buscar dinheiro em outras fontes. A principal aposta é no programa de compra de esgoto da Agência Nacional de Águas (ANA). Para o executivo, trata-se de uma boa alternativa, porque o programa reembolsa, a fundo perdido, até metade dos gastos de construção de novos aparelhos para tratamento de efluentes. "Estamos inscrevendo diversos projetos para captar recursos da ANA", disse. A Agência teria disponibilizado R$ 50 milhões para o programa, dos quais R$ 30 milhões destinados aos paulistas. A ressalva, conforme Mendonça Júnior, é que a ANA já elegeu seus projetos prioritários no Estado: a recuperação das bacias do rio Paraíba do Sul, na divisa com o Rio de Janeiro, e do rio Piracicaba. A predileção tem implicações práticas para a companhia paulista. Na região do Paraíba do Sul, a maioria dos municípios é atendida pela Sabesp, o que aumenta as chances de obter financiamento para projetos. Já ao longo do rio Piracicaba, poucas cidades concederam seus serviços à estatal. Um exemplo é Campinas, uma das maiores cidades do Estado. e que mantém a Sanasa. CEF O programa da ANA apenas reembolsa gastos com novas obras. Isso pressupõe que a companhia tenha em caixa recursos para implementá-las. Para levantar dinheiro para construção, a Sabesp conta com recursos da Caixa Econômica Federal. A companhia espera a conclusão dos estudos do banco, que pretende retomar os investimentos no setor através de operações conjugadas com bancos privados. A intenção é que o financiamento às companhias seja indireto, isto é, a CEF emprestaria dinheiro para um outro banco, que o repassaria às empresas de saneamento, assumindo também o risco da operação. "A situação da companhia no interior segue a das demais áreas", disse Mendonça Júnior. "Se conseguirmos financiamento para o Vale do Paraíba, já poderemos deslocar recursos para outras áreas", avaliou.

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