''Sala de estar das mulheres'', salões entram na mira da lei

Agentes antitabagismo vão visitar estabelecimentos de beleza; clientes terão agora de fumar nas calçadas

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Por Fernanda Aranda
Atualização:

Eles até agora passaram sem alarde em meio às novas normas da fumaça, mas também estarão no alvo dos fiscais quando a lei antifumo passar a multar. Os salões de beleza precisam convencer manicures, cabeleireiros e clientes a apagar o cigarro em ambiente fechado ou, a partir de 6 de agosto, podem arcar com as sanções, que podem ser no mínimo multas. Se forem flagrados mais de três vezes, podem ficar com as portas fechadas por mais de 30 dias. "Aí, não há cabelo enrolado que resista tanto tempo sem chapinha", comentava uma cliente com a outra ontem na Rua Trajano, zona oeste da capital, também conhecida como via dos cabeleireiros. De uma esquina a outra, são 105 passos e seis salões do tipo, grudados um ao outro. Lá, a opinião unânime é de que a lei antifumo é uma necessidade. "Beleza não combina com fumaça. Vai ficar mais fácil pedir para os clientes não fumarem", disse o barbeiro Patrício de Souza, de 25 anos, que há um ano encontrou o ofício na Trajano. "As clientes ficam tão à vontade que acham que podem fumar. A lei vai dar mais segurança para pedirmos para só acender o cigarro lá fora", afirmou a cabeleireira Elenilda Loiola de Sena, vizinha do barbeiro Souza. Monte Cristo, que diz ser esse seu "nome artístico", com 20 anos de experiência, diretor do sindicato da categoria, desde janeiro mantém um canal de televisão na internet voltado aos profissionais da área. E explica por que o público feminino não larga o cigarro no salão. "As mulheres, em especial, fazem do salão a sua sala de estar e não titubeiam em acender o cigarro", conta. "Muitas delas não fumam em casa, até fazem isso escondido do marido, mas na hora de fazer a unha, contar uma angústia e tomar cafezinho, elas acabam fumando. Por isso, vamos fazer uma campanha de conscientização." O presidente da Associação dos Profissionais de Beleza de São Paulo e Região, Francisco Ferreira, informou que cópias da lei estão disponíveis aos 12 mil filiados e reafirma que o cerco à fumaça é bem-vindo. "A maioria dos salões sempre foi contrária ao cigarro, que, misturado ao cheiro dos produtos e cosméticos usados, produz uma fragrância horrível", disse. Segundo ele, um número considerável de estabelecimentos já aderiu à proibição. "Agora, será consenso." Até Scheila Fontebasso, de 40 anos e "quase tudo isso de fumante", acha ótima a restrição ao cigarro. "Eu, nos 11 anos que tenho salão aqui na Trajano, sempre defendi que lugar de fumaça é na calçada."

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