PUBLICIDADE

Salgueiro traz portugueses em banana boat e é recebido de pé

São Clemente, a primeira a desfilar, não empolgou a arquibancada; Porto da Pedra caprichou nas alegorias

Por Clarissa Thomé , Monica Ciarelli (Broadcast) e Roberta Pennafort
Atualização:

Na primeira noite de desfiles das escolas do Grupo Especial do Rio, a forte chuva que atinge a cidade deu trégua e o Salgueiro, terceira escola a desfilar ontem, empolgou o público, que, em pé, recebeu a escola que homenageia a Cidade Maravilhosa. Antes, passaram pela Marquês de Sapucaí São Clemente, que abriu os desfiles, sem empolgar, e a Porto da Pedra, que caprichou na apresentação. O Salgueiro preparou uma apresentação para retratar a emoção que os portugueses sentiram ao chegar à cidade, há 200 anos. Este ano, a escola apostou na irreverência e na originalidade, e na comissão de frente haviam "portugueses" chegando ao Brasil em banana boat, já fissurados na beleza da mulher brasileira. Muito aplaudido pelo público, o Salgueiro levantou as arquibancadas com o enredo O Rio continua sendo... Bandeirinhas foram agitadas nas primeiras arquibancadas. Para esquentar os componentes da escola, a bateria tocou antigos sambas-enredo e repassou o samba atual, que tem como refrão: "Canto minha emoção, salve o Rio de Janeiro". O carnavalesco Renato Lage aproveitou os principais pontos turísticos como inspiração para os carros alegóricos. Um carro, que contou a história dos piratas franceses no Rio, apresentou acrobatas em camas elásticas. Outro levou o Maracanã, o principal estádio de futebol do Brasil, ao sambódromo. Foram mostrados também a Lapa, tradicional bairro boêmio, e o calçadão das praias da zona sul. A bateria do Salgueiro estava alinhada em ternos brancos, com risca de giz prateada, para representar a malandragem carioca. À frente dos integrantes, sambou Viviane Araújo, como rainha de bateria. A Porto da Pedra, segundo a desfilar, fez bonita apresentação sobre o centenário da imigração japonesa. Ao abrir os desfiles, a São Clemente tentou, mas não empolgou as arquibancadas da Marquês de Sapucaí em sua volta à elite do samba carioca. A São Clemente, de Botafogo, abusou do dourado e de carros alegóricos gigantes. Dois deles quase não entraram. No início do desfile, princípio de incêndio no carro que representava o Paraíso Tropical assustou os componentes. Um vazamento de óleo atingiu o motor, causando fumaça. A situação foi controlada e o carro desfilou. No meio do desfile, o carnavalesco Milton Cunha admitia que o samba não tinha conquistado o público. "É uma pena, a São Clemente está muito bonita. Mas o samba não empolgou." Para cantar o enredo O Clemente João VI no Rio: a redescoberta do Brasil, a escola recebeu R$ 2 milhões da prefeitura do Rio. Uma das apostas da escola foi a já tradicional irreverência da comissão de frente, que trouxe a atriz Rogéria como Maria, a Louca. "Esse é um personagem maravilhoso. Estou me sentindo em uma ópera, a própria Maria Callas", afirmou. A modelo Viviane Castro, de 25 anos, entrou na Sapucaí com o menor tapa-sexo já usado na avenida - um acessório de 4 centímetros. "Estou super à vontade." A Porto levou ninjas, gatos da sorte e sushimen para a Sapucaí para cantar Tem pagode no Maru! 100 anos da imigração japonesa. A comissão de frente representava o teatro kabuki, com gueixas e samurais. O diretor de ópera Fernando Bicudo incorporava um mestre sábio. "Carnaval e ópera têm muito a ver: são espetáculos completos." Um dos mais belos representava o bairro da Liberdade, em São Paulo. O carnavalesco da escola Mario Borriello saiu como destaque no carro que fala de mangás. A modelo Ângela Bismarchi, famosa pelas cirurgias plásticas (mais de 40), inovou: esticou os olhos para que ganhassem contorno oriental. "Dei tudo de mim", defendeu. Nos seis postos do sambódromo foram atendidas 177 pessoas. Uma jovem de 18 anos que foi prensada por um carro da Porto da Pedra sofreu trauma abdominal. Uma mulher de 63 anos caiu da arquibancada.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.