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Santista dorme menos, gasta mais e chega atrasada

Com restrição, analista perde 40 min

Por Rejane Lima
Atualização:

Trabalhando em São Paulo desde 1990, a analista de sistemas Maria Aparecida Nogueira, de 40 anos, já usou diferentes linhas de fretado entre Santos e a capital. Ontem, porém, a mudança no trajeto não ocorreu porque ela passou a atuar na sede de um novo cliente. Dessa vez, a alteração causada pela restrição aos fretados foi mais penosa: ela dormiu menos, gastou mais e chegou ao trabalho 40 minutos atrasada. Ainda não havia amanhecido, às 5h45 de ontem, quando Cida saiu do edifício onde mora, na Avenida Presidente Wilson, em frente à Praia do José Menino, como faz há anos. Oito minutos depois, Cida chegara à esquina das Avenidas Francisco Glicério e Pinheiro Machado, onde outras pessoas também aguardam o ônibus. Ela usa a linha 32 da Associação dos Executivos da Baixada Santista, que parte dali por volta das 6 horas. Como nos últimos 19 anos, foi assim também na última sexta-feira. Cida subiu no fretado, sentou em seu lugar demarcado e colocou o celular para despertar. Naquele dia, a analista desceu do ônibus às 7h33. Atravessou a Avenida Rui Barbosa, na Bela Vista, e dois minutos depois estava entrando na editora onde presta serviço há um ano. "Subo e desço para São Paulo desde que era estagiária. Trabalhei a maior parte do tempo na Berrini (dez anos), depois fiquei em Alphaville, Faria Lima, Paulista, Vila Olímpia e há um ano estou na Bela Vista", contou Cida. "Não troco Santos nem pelo Ronaldo", disse a santista de nascimento e corintiana de coração. Ontem, porém, tudo mudou. "A culpa é do Kassab", esbravejava Cida. Embora tenha embarcado no fretado no mesmo horário, seu celular tocou mais cedo, interrompendo o cochilo às 7 horas, para que descesse na Estação Santos-Imigrantes do Metrô. Por causa da fila de fretados, ela desembarcou às 7h15. Depois, o sufoco foi para entrar na estação, lotada. Após cinco minutos na fila para comprar o bilhete, encontrou uma amiga que lhe cedeu um. A alegria durou pouco, e Cida fez cara feia ao perceber que a estação é em homenagem ao time rival. "Ainda por cima tem essa." Ela embarcou às 7h33 e seguiu em pé até a Estação Brigadeiro, aonde chegou dez minutos depois. Na Avenida Paulista, Cida não sabia onde era o ponto de ônibus e ainda deixou o metrô pela saída errada. Pediu informação em uma banca de jornal, e às 7h52 chegou à parada certa. Embarcou no ônibus Imirim às 8h05 e às 8h15 desceu, um pouco mais distante da empresa, que era o local onde o fretado costumava parar. Cida entrou na editora às 8h20. "Eu ganho por hora, vou ter de arrumar um fretado que saia antes de Santos, senão ainda vou gastar mais e vou receber menos", lamentou. Além de pagar uma mensalidade de R$ 380 pelo fretado, agora Cida terá de desembolsar mais R$ 9,70 por dia, com as passagens do ônibus municipal e do metrô.

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