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Santos vive dia de tranqüilidade

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de uma semana de tensão, caracterizada por inúmeros embates entre estivadores e a Polícia Militar, esta quarta-feira foi o dia mais tranqüilo de todo o movimento de protesto dos trabalhadores avulsos (sem vínculo empregatício) do Porto de Santos. Há nove dias, eles vêm manifestando-se contra a transferência do controle da escala de trabalho, feita durante 65 anos consecutivos pelo sindicato da categoria e que, conforme prevê a lei de modernização dos portos, deveria passar definitivamente para as mãos do Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo). Indiferentes à determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que, na tarde desta terça-feira, considerou a greve abusiva, determinando o retorno imediato ao trabalho, os estivadores não retornaram nesta quarta ao cais, acatando deliberação da assembléia da noite anterior, que orientou a categoria a manter-se mobilizada em frente à prefeitura, na Praça Mauá, longe dos armazéns portuários, a fim de evitar eventuais conflitos. Na segunda-feira, houve confronto entre os trabalhadores e o pelotão de choque da PM, chamado para resguardar o patrimônio dos terminais privativos, que vinham movimentando cargas mediante concessão de medida liminar. Dos 12 navios atracados no cais da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), dez operaram normalmente: três desembarcando granéis líquidos, em operações automatizadas; dois no Terminal de Contêiner, na margem esquerda do porto; dois no terminal da Cargill; um no desembarque de trigo no sugador do Armazém 26; um embarcando soja no terminal da Libra e, por último, outro no Armazém 38, descarregando soja. Outras 23 embarcações permaneciam aguardando ordem de atracação na barra, esperando o fim do movimento de protesto dos trabalhadores. Os números são divergentes, mas a Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex) estima em cerca de US$ 200 milhões as perdas sofridas pelas empresas nos nove dias de paralisação. Nesta quarta-feira, o empresário Virgínio Pina denunciava: "Não é mais uma discussão entre o capital e o trabalho, mas sim a quebra do estado de direito democrático, já que os operadores (patrões) permanecem abertos à negociação, enquanto os trabalhadores rejeitam o cumprimento da lei 8630, de modernização dos portos, negando-se a cumprir as determinações judiciais". Pena disse que essa situação é que levou alguns operadores portuários a entrarem com pedido de liminar para a movimentação de cargas, como ocorreu com sua empresa, a T-Grão Cargo que, apesar de garantir na Justiça seu direito de operar os silos, acumula perda de US$ 300 mil com a paralisação. A T-Grão é responsável pela movimentação de 1 milhão de toneladas de mercadorias/ano no Porto de Santos.

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