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São Paulo tem mais um dia de caos no transporte público

Por Agencia Estado
Atualização:

São Paulo teve hoje mais um dia de ônibus parados. Apesar de uma decisão judicial, na tarde desta segunda-feira, o Sindicato dos Motoristas ameaça manter a greve, prejudicando mais de três milhões de passageiros na capital. O Tribunal Regional do Trabalho determinou que 80% da frota de ônibus circule nos horários de pico, e 60% durante o resto do dia. Caso isso não ocorra, a medida prevê multa diária de R$ 50 mil. Durante todo o dia, enquanto os passageiros se espremiam em trens, lotações e ônibus clandestinos, pelos cerca dos mil ônibus que circularam, patrões e empregados e o secretário dos Transportes, Jilmar Tatto ficaram reunidos tentando encontrar uma saída para o impasse que levou à paralisação. Não houve acordo. Nesta terça-feira, uma audiência de conciliação está marcada para as 13 horas no TRT. De acordo com o presidente do Sindicato dos Motoristas, Edvaldo Santiago, apenas depois deste encontro é que uma assembléia dos trabalhadores vai decidir se a greve continua ou não. Os empregados reivindicam garantias de que a mudança do sistema de transportes, como pretende a Prefeitura, não implique em demissões e tampouco no não pagamento de passivos trabalhistas de nove mil funcionários de empresas que tiveram seus contratos rescindidos. ?A empresa que ganhar a concorrência tem de pagar o passivo dos trabalhadores?, disse Santiago. Tatto no entanto afirma que isso é impossível, uma vez que tal exigência não pode ser feita na licitação para concessão do transporte público. Segundo ele, a responsabilidade por férias, depósitos de FGTS, e outras exigências, são de responsabilidade das empresas, que contrataram os funcionários. Para o presidente do Transurb, sindicato que reúne os empresários do setor, Sérgio Pavani, a concorrência é boa para o município, mas não para os empresários. ?Ninguém deve assumir obrigação que não pode cumprir?, disse Pavani. Tatto afirmou que, em reunião fechada, os empresários pediram a volta do subsídio e contratos de emergência com duração de dois anos ? que dessa forma só venceriam depois de encerrado o mandato da prefeita Marta Suplicy(PT) ? e o pagamento das gratuidades do sistema e o cancelamento da licitação. ?Essa greve foi articulada pelo Transurb e pelo sindicato, que não querem o novo modelo?, acusou Tatto. ??Não há atraso de salários ou de tickets refeição, então qual é o sentido dessa greve??. O próprio secretário responde a pergunta, com novas acusações. De acordo com ele, os empresários, que classifica como incompetentes, querem manter o modelo atual, o que, afirma Tatto, não interessa mais à Prefeitura. Desde sábado, o sistema de ônibus na cidade opera de maneira informal. Os contratos de emergência já venceram e não foram renovados. Segundo Pavani, isso ocorreu por determinação do próprio secretário. ?Tatto disse que só faria contrato emergencial com os empresários que entrassem na licitação?. Nenhum dos empresários, das 30 viações que operam o sistema hoje, entregou proposta para a licitação. Tatto não nega a afirmação de Pavani. Ao contrário. Afirma que os contratos emergenciais são a garantia que os empresários querem para entrar na Justiça e protelar a licitação do sistema. A entrega de propostas deveria ter ocorrido hoje, mas a Secretaria adiou para responder aos questionamentos feitos pelo Tribunal de Contas do Município. Um novo prazo para a entrega das propostas deve ser definido nos próximos dias, mas Tatto acredita que a nova data será em algum dia da próxima semana. Até lá, o município não terá contratos com as empresas, apenas uma relação informal. ?No dia seqguinte em que eles (empresários) entregarem os envelopes, assino os emergenciais.? Neste conflito de interesses a população assistiu a depredação 79 ônibus, o que segundo Pavani é uma prova de que os empresários não têm nenhum interesse na paralisação uma vez, que segundo ele, as empresas que já têm dificuldades, enfrentam problemas ainda maiores com a greve. O diretor do Transurb, Antonio Sampaio Amaral Filho, estima que as empresas deixam de arrecadar R$ 6 milhões num dia de paralização. ?O problema do transporte é grave, e não é de hoje. Ele rechaça a acusação de locaute feita por Tatto. ?Se locaute, não estaríamos aqui e não teríamos passado o fim de semana tentando evitar a greve. Em meio a toda confusão, a América do Sul entregou à Prefeitura, uma carta, abrindo mão de suas linhas, e informou que não vai mais trabalhar no transporte de passageiros de São Paulo.

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