Sarney recua e impeachment volta a painel

Após reações com omissão histórica, Casa inclui no ''túnel do tempo'' saída de Collor em 1992

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Por Rosa Costa e BRASÍLIA
Atualização:

Um dia depois de afirmar que o impeachment do então presidente da República e hoje senador Fernando Collor (PTB-AL) foi um "acidente" - e, por isso, não precisaria fazer parte da galeria de fatos históricos envolvendo o Senado - o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), voltou atrás e mandou refazer os painéis afixados no "túnel do tempo".No espaço, que liga o plenário aos gabinetes de senadores, passam mais de 5 mil pessoas nos dias de maior movimento.Por ordem de Sarney, ficou acertado que o impeachment, seus motivos e consequências passarão a constar de um novo painel entre os 16 afixados no local. O Senado votou o afastamento de Collor em 29 de dezembro de 1992, por suspeita de corrupção, minutos depois de o ex-presidente ter renunciado ao cargo. No blog do Senado, Sarney afirma que não é curador nem autor da exposição. "Mas, para evitar interpretações equivocadas, determinei ao setor competente da Casa que faça constar na referida exposição o impeachment do presidente Collor, uma vez que não temos nada a esconder nesta Casa", afirmou.Na segunda-feira, quando da reinauguração da decoração do chamado túnel do tempo, Sarney justificou a omissão do impeachment dizendo que era um fato "que não devia ter ocorrido" e que "não se tratava de um fato marcante". Ele foi convencido por assessores de que não pode mudar a trajetória da história política brasileira. Homenageado. No entanto, continua visível nos painéis o interesse de seus realizadores de homenagear o presidente do Senado. A galeria exibe ali uma foto de Sarney jurando a Constituição. Ele, o ex-senador Paulo Brossard e o deputado Mauro Benevides (PMDB-CE) são os únicos vivos cujas fotografias aparecem no local. Sarney é igualmente lembrado pela inclusão de uma proposta de sua iniciativa - a que garante atendimento gratuito aos aidéticos - entre os grandes feitos do Senado. Ficaram de fora a iniciativa do então senador Nelson Carneiro de instituir o divórcio no País e as CPIs importantes realizadas na Casa. Em um dos painéis, há citações que induzem o visitante a erro, como a que atribuiu a extensão da licença maternidade para 180 dias como sendo obrigatória a todas as gestantes, e não apenas para aquelas que são funcionárias do serviço público - na iniciativa privada, a extensão do benefício é facultativa.A proposta da Lei da Ficha Limpa é ainda atribuída como sendo originária da Casa, apesar de tratar-se de uma proposta de iniciativa popular.Vaivém políticoJOSÉ SARNEYPRESIDENTE DO SENADO"Acho que talvez esse episódio seja apenas um acidente que não devia ter acontecido na história do Brasil"(NA SEGUNDA-FEIRA, AO MINIMIZAR A OMISSÃO DO IMPEACHMENT NO PAINEL)"Determinei que faça constar na exposição o impeachment do presidente Collor. Não temos nada a esconder nesta Casa"(ONTEM, APÓS A REPERCUSSÃO NEGATIVA DO EPISÓDIO)

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