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SC: 105 mil atingidos em 69 cidades

Temporais e ventos deixaram 20 mil edificações danificadas em todo o Estado; extremo oeste é o mais afetado

Por Júlio Castro
Atualização:

Já é de aproximadamente 105 mil o número de afetados pelas chuvas em 69 municípios catarinenses - 68 em situação de emergência e um em estado de calamidade pública. O mau tempo que predomina há cerca de uma semana e teve o ápice na madrugada do dia 8, quando dois tornados devastaram as cidades de Guaraciaba e Salto Veloso, no oeste, continua a ameaçar as populações. Há registro de enxurradas em Orleans, no sul; Lages, no Planalto Serrano, e deslizamentos de terra em Rio do Sul, no Alto Vale do Rio Itajaí. Em Orleans, pelo menos 8 mil pessoas foram atingidas pela enxurrada ocorrida entre quinta e sexta-feira. A região mais afetada é o extremo oeste, onde está localizada a cidade de Guaraciaba, único município que decretou estado de calamidade pública. Um tornado passou pela cidade deixando um rastro de 4 mortes e 89 pessoas feridas. Ainda destruiu 667 edificações e desalojou 91% da população de 10 mil habitantes. Cerca de 20 mil edificações foram danificadas em todo o Estado pela ocorrência de chuva e ventos.Ontem, a Defesa Civil de Araranguá, no sul, determinou a saída de cerca de 40 famílias residentes nas margens do rio de mesmo nome. No fim da tarde, o rio estava 2,15 metros acima do leito normal e ameaçava avançar sobre as residências, caso ultrapasse os 2,50 metros. A preocupação também é com o tráfego na BR-101, que pode ter as pistas invadidas pela água. A elevação da maré, que pode represar a foz do rio e elevar o nível da água é agravante, conforme informações do coordenador da Defesa Civil do município, Ermani Palma Filho. Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal, posto de Araranguá, a intensidade da chuva pode exigir a interrupção de tráfego na madrugada de hoje.Em Siderópolis, também no sul do Estado, pelo menos sete famílias ficaram isoladas na localidade de São Pedro. O rio transbordou e cobriu a estrada que dá acesso à comunidade. O prefeito, Douglas Warmling, prevê o agravamento da situação, caso a chuva persista.E como se não bastasse a estiagem que castigou a região oeste nos seis primeiros meses do ano, os prejuízos nos setores da agricultura e pecuária na mesma região já são incalculáveis com o temporal. Em entrevista a uma emissora de televisão de Florianópolis, o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Enori Barbieri, afirmou não acreditar que o Estado contribua efetivamente para auxiliar os pequenos agricultores catarinenses que tiveram suas propriedades afetadas pelo mau tempo. Ele defende a prorrogação do financiamento obtido pelos pequenos produtores que têm prestações a vencer e perderam a condição de continuar produzindo para pagar o custo da produção. RECURSOS FEDERAISDe acordo com o secretário da Defesa Civil Estadual, Márcio Luiz Alves, o trabalho de socorro está em pleno andamento, com o registro dos danos e prejuízos causados pelas tempestades. Segundo ele, os números devem aumentar com o repasse das informações para a Defesa Civil Estadual, que vai elaborar um plano de trabalho e captação de recursos para a reconstrução das áreas atingidas. Em entrevista à Radio CBN de Florianópolis, a secretária de Defesa Civil Nacional, Ivone Valente, informou que aguarda pelos documentos necessários para que seja discutido e definido o montante da verba federal destinada a ajudar os municípios. Quantidade de material, seus preços e os custos previstos para a execução de mão de obra estão entre os itens que farão parte do documento. Preliminarmente, estimou-se em R$ 211 milhões a ajuda sugerida ao governo federal.A Defesa Civil de Santa Catarina já conta com R$ 2,5 milhões para a emergência. O valor foi anunciado pelo governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) para a reconstrução de quatro escolas parcialmente destruídas em Guaraciaba. Além dos recursos, as famílias atingidas estão recebendo cestas básicas. Um armazém, em Erval do Oeste, conta com 6.350 cestas básicas em estoque, prontas para serem enviadas às cidades mais afetadas.

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