SC já tem 54 mil desabrigados e 72 mortos pelas chuvas

Defesa Civil acredita que outras 30 pessoas estão desaparecidas e são vítimas de deslizamentos

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Por Da Redação e com informações da Agência Brasil
Atualização:

Quase 54 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas por conta das chuvas em Santa Catarina. Em todo do Estado, pelo menos 72 pessoas foram vítimas das fortes chuvas que caíram nos últimos dias. A Defesa Civil acredita que outras 30 pessoas estão desaparecidas; elas seriam vítimas de desabamentos e deslizamentos de terra. Cerca de 1,5 milhão de pessoas foram atingidas pelas chuvas e enchentes e oito cidades continuam isoladas. Veja também: Defesa Civil alerta para temporais em sete estados, inclusive SC Chuva deixa 137 mil residências sem luz em Santa Catarina Defesa de SC abre conta para doações e distribui medicamentos 'Em menos de 1 minuto, eu perdi as duas', diz pai Tragédia em Santa Catarina  Veja galeria de fotos dos estragos em SC  Os municípios de São Bonifácio, Luiz Alves, São João Batista, Rio dos Cedros, Garuva, Pomerode, Itapoá e Benedito Novo estão isolados, segundo informações da Defesa Civil de Santa Catarina. Em todo o Estado, são 22.882 desabrigados - pessoas que tiveram que sair de suas casas e precisam da ajuda do Estado. Já os desalojados chegam a 31.027 - são pessoas que foram obrigadas a sair de suas casas por conta dos danos das chuvas, mas que podem ir para casas de parentes ou amigos. Os municípios de Gaspar, Rio dos Cedros, Nova Trento e Camboriú decretaram estado de calamidade pública. Outras oito cidades decretaram situação de emergência: Balneário de Piçarras, Canelinha, Indaial, Nova Trento, Penha, Paulo Lopes, Presidente Getúlio e Rancho Queimado. Os municípios mais afetados são Iconha, Baixo Guandu, Vila Velha e Vargem Alta, onde 107 habitantes estão desalojados e 19 desabrigados. Cerca de 55 famílias que residem em áreas de risco já foram notificadas e deixaram suas casas diante da possibilidade de desabamento. Até o fim da manhã desta terça, foram registrados 74 deslizamentos, 37 quedas de muros, 126 árvores caídas, 321 casas destruídas ou danificadas. A situação, de acordo com o major Márcio Luiz Alves, diretor estadual de Defesa Civil estadual, está "aquém da realidade". Para ele, "não é nenhum pessimismo. Há famílias soterradas sobre as quais não temos nem notícias. Esses desaparecidos [30, oficialmente] são fruto de pessoas que nos informaram. Quantos são os soterrados que ninguém sobrou da família ou as pessoas que estão sem comunicação? É uma situação desesperadora", afirmou, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional. Alves destacou que o clima no estado "começa a ficar favorável", uma vez que as chuvas, apesar de não terem cessado ainda, seguem mais fracas. O nível do Rio Itajaí-Açu, que chegou a atingir 12 metros acima do normal, baixou para 8 metros acima - faixa, segundo o major, considerada fora da cota de alerta. "A situação ainda é crítica porque temos diversas áreas isoladas e muitas pessoas soterradas e desaparecidas. Temos em um parque aquático 600 pessoas, entre crianças, jovens e idosos, que estão isolados desde sexta-feira, com dificuldades de alimentação e medicação. Na segunda, chegamos ao local com helicóptero, levamos médicos e alimentação e mandamos um coordenador para que consiga controlar essas pessoas que não quererem, de qualquer forma, sair, porque seria muito perigoso." De acordo com Alves, os deslizamentos de terra continuam na região e os desabamentos devem seguir por pelo menos mais dez dias. Ele avaliou que as encostas parecem "sorvete", uma vez que se desmancham a todo momento. Algo que Alves, em 17 anos de carreira na Defesa Civil de Santa Catarina, afirma jamais ter visto. Deslizamentos preocupam "Nossa maior preocupação não são mais as águas, mas os deslizamentos. Dez dias é o que nós imaginamos que o solo ainda estará instável e possa provocar deslocamentos. Estamos recebendo especialistas em geologia, pessoas renomadas, para que nos dêem um aporte de tecnologia e uma avaliação adequada de segurança." Ele lembrou que foi instalado um centro de comando aéreo no município de Navegantes, que conta com um total de 14 aeronaves. "Temos médicos, alimentos e água. O problema é como fazer para chegar [nas áreas atingidas]." Alves afirmou que a Defesa Civil local já tentou acesso às comunidades isoladas até mesmo por meio de carros-anfíbios e de tanques de guerra de propriedade do Exército brasileiro, mas não teve sucesso. "O alerta foi feito no momento certo, as questões meteorológicas têm sido acompanhadas. Não era previsível, porque o problema foi de deslizamento, uma situação que não é comum para Santa Catarina. No universo de mortes, apenas uma pessoa morreu afogada, no município de Bom Jardim da Serra. Os outros morreram soterrados. O desastre principal aqui não são as enchentes, são os deslizamentos, o colapso total das encostas do Vale do Itajaí, algo, para nós, inédito." Diante da proximidade do recesso de fim de ano e das férias coletivas em janeiro, o major alertou turistas de todo o país que não visitem Santa Catarina pelo menos nos próximos dez dias - sobretudo, o litoral, região mais castigada pelos temporais. Mas, segundo ele, o estado estará pronto para receber visitantes no verão. "O governo federal já sinalizou com recursos para que isso ocorra. Pedimos aos nossos turistas que, nos próximos dias, não venham a Santa Catarina. E, se precisarmos de mais dez dias, vamos pedir. É uma questão de responsabilidade." (Colaborou Solange Spigliatti, do estadao.com.br) Texto atualizado às 15h24 para acréscimo de informações.

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