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Seccional recebia até R$ 80 mil do esquema

Os pagamentos semanais incluíam delegados de Ferraz de Vasconcelos

Foto do author Marcelo Godoy
Por e Marcelo Godoy
Atualização:

A Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes recebia até R$ 80 mil do esquema de arrecadação de propina da máfia das carteiras de habilitação. Pagamentos semanais eram feitos ainda a delegados de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, e para um lugar identificado pela sigla DEM. A descoberta foi feita pelos homens da Corregedoria da Polícia Civil, por meio da análise dos documentos apreendidos na casa do investigador Aparecido da Silva Santos, o Cido, que trabalhava na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Ferraz. Cido foi um dos 19 presos anteontem durante a Operação Carta Branca, deflagrada pelo Ministério Público Estadual (MPE) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Nos papéis apreendidos com o policial havia a descrição da divisão das propina. Ela era semanal. O delegado identificado como Juarez recebia de R$ 5 mil a R$ 6 mil. A promotoria desconfia que a inscrição seja uma referência ao delegado Juarez Pereira Campos. Titular da cidade de Ferraz de Vasconcelos, ele foi detido em casa depois de ter a prisão temporária de cinco dias decretada pela Justiça. Sua mulher era dona de duas auto-escolas suspeitas de vender carteiras de habilitação. Outro delegado, identificado como Fernando, receberia um pouco mais. Ao lado de seu nome há anotações de R$ 6 mil a R$ 7 mil. Em abril, o delegado Fernando José Gomes foi afastado da Ciretran de Ferraz pelo diretor do Departamento de Polícia da Macro São Paulo (Demacro), Alexandre Sayão. Há na contabilidade registro de pagamento de R$ 1,5 mil para o "IP/Sec", o que fez os promotores e corregedores desconfiarem de que se trata de pagamento para alguém que conduzia um inquérito policial em uma seccional. Isso porque as escutas dos promotores do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaerco) demonstram que integrantes da máfia pagaram propina até para que boletins de ocorrência de acidentes com vítima não fossem registrados. Tudo para impedir que a venda de uma carteira a um homem com o pé torto viesse à tona. Há ainda pagamentos para uma sigla misteriosa. Trata-se da palavra DEM. Interceptações telefônicas mostraram dois mafiosos falando sobre pagamentos para "a seccional de São Paulo" logo depois de mencionar pagamentos à seccional de Mogi. Os promotores e os corregedores querem saber se essa é uma referência ao Detran ou ao Demacro, ambos órgãos com sede em São Paulo.

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