Secretária de pediatra vê fitas apreendidas e identifica pacientes

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Por Agencia Estado
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Regina Célia de Paula Brasil, secretária do pediatra Eugênio Chipkevitch, conseguiu identificar, nesta segunda-feira, 7 adolescentes vítimas de abuso sexual do médico. Pais de quatro pacientes já foram localizados pela polícia. Durante a tarde, Regina assistiu a todas as fitas em que o pediatra aparece molestando seus pacientes. Uma delas foi gravada em 1995, quando Chipkevitch atendia jovens no Hospital Darcy Vargas, o que indica que o pediatra praticava abusos há pelo menos sete anos. Há suspeitas ainda da existência de vítimas que não foram gravadas pelo médico. Segundo a policia, dois pais já se prontificaram a representar seus filhos no processo contra o pediatra. Também compareceu ao 51º DP, no Butantã, zona oeste de São Paulo, Aparecida Tomás Avelar, de 20 anos, funcionária do Instituto Paulista de Adolescentes (IPA). Aparecida revelou à polícia que foi procurada por Chipkevitch na última quinta-feira pela manhã, quando o pediatra pediu para ela guardar sua filmadora. Sem saber o motivo, Aparecida guardou o equipamento em sua casa, em Taboão da Serra, São Paulo. Nesta segunda-feira, policiais foram até a residência e apreenderam a filmadora. A polícia também realizou uma busca no apartamento do médico, na rua Michigan, Brooklin, na zona sul de São Paulo, onde apreendeu um computador, uma impressora, dois colchonetes e fitas de vídeo. "Essas fitas trazem imagens da convivência familiar do pediatra, como festas e aniversários", comentou o delegado Virgílio Guerreiro Neto, titular do 51º DP. Além de Regina e Aparecida, compareceu à delegacia Cristiano Gustavo, o técnico em telefonia que encontrou as fitas em uma caçamba, na Alameda Lorena, nos Jardins, zona sul de São Paulo. Gustavo disse à polícia que encontrou as fitas e as levou para casa, onde ficaram abandonadas por 30 dias, porque ele não possuía um adaptador para assisti-las no videocassete. "Ele agora trará um comprovante de que estava prestando serviço na rua em que diz ter achado o material", disse Guerreiro Neto. Dois outros funcionários do IPA também foram ouvidos. Até as 19 horas desta segunda, a polícia ainda não havia encerrado o depoimento de Regina e dos funcionários. Nesta segunda, o Conselho Regional de Medicina encaminhou um pedido de liminar, em caráter emergencial, ao Ministério Público Estadual, pedindo a suspensão do exercício da profissão para Chipkevitch. O pediatra permanece detido no 13º DP, Casa Verde, na zona norte, onde divide a cela com mais quatro pessoas: um advogado, um engenheiro, um psicólogo e um médico oftalmologista. Segundo funcionários do 13º DP, dois dos detidos respondem por tráfico de drogas, um por estelionato e outro por homicídio. O depoimento de Chipkevitch, marcado para esta segunda, foi adiado para a próxima quarta-feira, porque ele ainda não havia conseguido um advogado. No final da tarde, segundo a polícia, o advogado Paulo Sérgio Leite Fernandes teria se prontificado a defender o pediatra. O Ministério Público trabalha com três hipóteses sobre o motivo que levava o médico a gravar os abusos. A primeira seria que ele comercializava as imagens. A segunda seria que ele as utilizava para satisfação pessoal. A terceira, de que o pediatra enviava as imagens para uma rede internacional de pedofilia. "A hipótese mais provável é que ele utilizava as imagens para sua própria satisfação", afirmou o promotor José Carlos Blat, que acompanha as investigações. "Por enquanto, está descartada a hipótese de que ele faça parte de uma rede internacional de pedofilia", disse Guerreiro Neto.

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