Secretaria foi alertada sobre risco de motins 3 dias antes de massacre no RN

Rebelião no presídio de Alcaçuz culminou na morte de 26 presos e na destruição da penitenciária

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Por Ricardo Araújo
Atualização:
Rebelião culminou na morte de 26 detentos em Alcaçuz Foto: REUTERS

Três dias antes da eclosão da maior rebelião já registrada no sistema prisional do Rio Grande do Norte, a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc) foi alertada sobre os riscos de "rebeliões e motins, invasão de pavilhões e mortes de presos nas Penitenciárias Estaduais de Alcaçuz e Rogério Coutinho Madruga", na região metropolitana de Natal. 

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Todos os documentos foram recebidos pela Secretaria responsável pela gestão das carceragens estaduais, mas as respostas aos pleitos dos diretores não chegaram antes da rebelião que culminou na morte de 26 presos e destruição das penitenciárias. 

No Memorando nº 014/2017-SIAG, o vice-diretor da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, Juciélio Barbosa da Silva, chama a atenção do Governo do Estado para "situações que são alarmantes e precisam de total atenção das autoridades". No documento, consta a informação de que os "os internos planejam invadir o rancho/padaria e setor médico e promover atentados contra a vida dos apenados". 

Foi relatado, também pelo vice-diretor, que o "clima está mais instável e há o receio que mortes possam acontecer na unidade". Em outro documento enviado à Sejuc, no dia 09 de janeiro deste ano - cinco dias antes da rebelião - o diretor Ivis Ferreira Barros, da Penitenciária Estadual Rogério Coutinho Madruga, relatou que trabalhava com um "efetivo quase inimaginável" de agentes penitenciários. Em alguns dias, conforme disposto no Memorando nº 003/2017, existiam três agentes carcerários para "custodiar 389 apenados de alta periculosidade". 

O titular da Sejuc, Wallber Virgolino da Silva Ferreira, disse que não conhecia os Memorandos que alertavam sobre o risco de rebeliões e mortes nas duas unidades prisionais que dividem o mesmo terreno. "Nem a Sejuc tinha essa informação e nenhuma agência de inteligência do Brasil tinha essa informação. Quem disser, tá mentindo. Nada foi oficializado à Sejuc", declarou o secretário. Fontes do Estado dentro da própria Sejuc confirmaram que todos os Memorandos em referência foram encaminhados ao secretário.

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