Secretaria substituirá uniformes a pedido de detentos

A partir deste final de semana, os detentos poderão usar calças de cor cáqui e camiseta branca no lugar do uniforme padrão

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Por Agencia Estado
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A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) confirmou nesta quinta-feira, 30, que aceitou a proposta dos detentos e liberou a substituição dos uniformes dos 124 mil presidiários de todo o Estado. A partir deste final de semana - e nos outros seguintes - os detentos poderão usar calças de cor cáqui e camiseta branca no lugar do uniforme padrão - camisa e calça de cor amarela reluzente - "desde que a família adquira as vestimentas". De acordo com a SAP a troca do uniforme, no entanto, somente poderá ser feita durante os finais de semana e seu uso está restrito ao espaço interno dos presídios. A reivindicação, contida numa carta denominada "Salve Geral", à qual o Estado teve acesso, foi entregue nesta semana aos diretores de todas as penitenciárias do Estado e foi recebida pelo governo como parte de uma ação orquestrada por facções criminosas, supostamente pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). A SAP se recusou em responder nesta quinta-feira se a substituição dos uniformes representa uma barganha com os detentos ou com o PCC, que paralisariam as rebeliões em troca do atendimento de reivindicações contidas no "Salve Geral". O secretário Nagashi Furukawa se limitou a responder, por meio de sua assessoria, que esta é a única reivindicação atendida e que a substituição dos uniformes de cor amarela será feita até que termine o estoque de tecido existente na Secretaria. A substituição dos uniformes, no entanto, contraria as últimas declarações dadas por Alckmin sobre o combate ao crime organizado. Na última terça-feira, em entrevista coletiva em Araçatuba, o governador confirmou a existência da ação organizada dos detentos e afirmou que o governo do Estado agiria com rigor para evitar as rebeliões. "Se têm finalidade política eu não sei, mas sei que são ações orquestradas por facção criminosa que pretende desestabilizar o governo de alguma forma. Mas continuaremos agir como sempre. Não vamos recuar, vamos para cima, com firmeza", disse Alckmin. Na ocasião, o governador culpou a Justiça pela demora do Estado em combater o crime organizado dentro das penitenciárias. "Temos o caso de um líder de facção que liderou uma rebelião em 19 de janeiro. Pedimos sua ida para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), mas o Judiciário não se decidiu até agora. O Judiciário precisa ser mais rápido", afirmou o governador. Outras reivindicações Além da troca dos uniformes, a carta "Salve Geral", à qual o Estado teve acesso, faz outros dois pedidos: aumento das visitas para 8 dias por mês para cada detento e aumento para 4 o número de visitantes por detento. Atualmente, cada detento pode receber 2 visitantes adultos (crianças são liberadas) em quatro dias de finais de semana por mês. Na resposta da assessoria, Furukawa informa que quanto à reivindicação do aumento do número de visitas, "a SAP só vai analisar o pedido em momento oportuno". Sobre a troca de uniformes, a carta diz que o próprio Estado não tem condições de fornecer as roupas e que a situação é precária em algumas unidades carcerárias. "Pedimos também o retorno da calça padrão bege para uso interno pois o próprio Estado não está tendo como fornecer suas roupas que hoje nas unidades são precárias", diz a carta. A carta não faz ameaça de rebeliões, mas encerra dizendo: "A população carcerária quer humanização de seus direitos reconhecidos, cumpriremos com nossas obrigações desde que a secretaria e as diretorias cumpram com as suas". Assinado "População Carcerária".

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