Secretário critica greve de ônibus em São Paulo

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Por Agencia Estado
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O secretário municipal dos Transportes, Carlos Zarattini, condenou duramente a paralisação efetuada hoje por motoristas e cobradores de ônibus em São Paulo. Das 3 às 6 horas desta quinta-feira, os funcionários paralisaram suas atividades para exigir o cumprimento de decisão da Justiça do Trabalho estabelendo que os empresários pagassem um reajuste salarial de 8% para toda a categoria. Em consequência, cerca de 500 mil pessoas foram prejudicadas por causa da falta dos ônibus em toda a capital paulista naquele horário. Durante entrevista à Rádio Eldorado de São Paulo, o secretário lembrou que, há cerca de um mês, para evitar que fosse deflagrada greve por tempo indeterminado no transporte coletivo paulistano, a Prefeitura de São Paulo abriu mão de uma receita que lhe cabia de R$ 0,02 por passageiro em troca de um plano de saúde para os trabalhadores, colocada como a principal reivindicação da categoria. Zarattini destacou que, apesar dessa medida, as partes não chegaram a um acordo e acabaram recorrendo à Justiça do Trabalho. O TRT de São Paulo determinou que fosse dado um reajuste salarial de 8% para a categoria, mas também aumentou a jornada de trabalho de sete horas para 7h20. Isso levou o caso para uma segunda instância, o TST, em Brasília, onde já houve um primeiro encontro e hoje está marcada a realização de uma nova reunião de tentativa de acordo. Por isso, o secretário acabou criticando a categoria com a realização dessa paralisação de hoje em São Paulo. "Os dois lados abriram mão da negociação e entregaram à Justiça do Trabalho a decisão sobre a concessão do reajuste e o aumento da jornada de trabalho e outras questões. Nós discordamos da posição dos trabalhadores que atrapalharam o início das operações hoje e sequer esperaram o resultado da reunião marcada para discutir o assunto esta manhã, em Brasília". O secretário disse que não viu nenhum sentido nessa paralisação e que movimentos como esse acontecem ou quando não há negociação ou porque não houve acordo, o que não é o caso. Acrescentou que a prefeitura não vai participar desses encontros. "O que nós podiamos fazer nós já fizemos e estamos apelando para os dois dois lados para que evitem continuar prejudicando a imensa maioria da população que depende do transporte coletivo em São Paulo", disse. Ao mesmo tempo, ele classificou como "irresponsáveis" os empresários do setor no trato com os trabalhadores, citando os casos de atraso no pagamento dos salários à categoria, e atacou também os sindicalistas, que também não tratam certas questões trabalhistas com responsabilidade. Novo sistema de ônibus Para Zarattini, a cidade de São Paulo momentaneamente está como refém das duas partes. Porém, garantiu, a prefeitura vai continuar agindo com firmeza, fiscalizando as empresas e adotando medidas ainda mais duras para sair dessa situação. "Os contratos emergenciais serão encerrados em julho, e nós vamos iniciar a licitação de um novo sistema de transporte a partir do dia 5, quando haverá a primeira audiência pública" - afirmou. "Nós pretendemos trazer para São Paulo empresários que tenham responsabilidade social e trabalhista maior do que esses que aí estão. Com isso, a gente vai renovar o atual quadro do setor na cidade e esperamos maior profissionalismo tanto do empresariado como dos trabalhadores".

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