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Secretário da Saúde sai e diz que Marta loteia cargos

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário municipal da Saúde, Eduardo Jorge, alegou razões "técnicas e políticas" para deixar ontem o comando da pasta. Em nota, a Prefeitura informou que ele foi demitido nesta quarta-feira. Na carta distribuída à imprensa, o secretário afirmou que não concordava com os critérios para o preenchimento de cargos nas coordenadorias de saúde das subprefeituras. "Nossa visão sobre o preenchimento dos novos cargos das coordenadorias de saúde das subprefeituras é diversa. Os nossos limites, a avaliação de cada um do que prejudica ou do que ajuda a reforma do sistema de saúde em andamento são diferentes", informou num dos trechos do documento, referindo-se a problemas políticos. Em seu lugar, assumirá nesta sexta-feira o médico Gonçalo Vecina Neto, atual diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele é especializado administração hospitalar e foi chefe de gabinete na secretaria da Saúde na gestão do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB, de 1993 a 96). Desde que os cargos foram criados, aumentou o desgaste entre Jorge e o Executivo. É que os novos postos teriam se transformado em uma poderosa "moeda política" entre o Executivo e os vereadores da base governista para a consolidação do apoio à prefeita Marta Suplicy (PT) no Legislativo. O secretário, entretanto, queria preencher os cargos atendendo a requisitos técnicos exigidos pela própria secretaria. "A prefeita foi eleita. Eu não. Os cargos de confiança são todos legítima e democraticamente de sua total responsabilidade", disse o secretário. O desgate aumentou nas últimas semanas após a prefeita ter analisado pesquisas que apontam grande insatisfação da população nas áreas de transporte e saúde. De olho na reeleição do partido em 2004, Marta decidiu dar prioridade aos dois setores e cobrou resultados imediatos das Secretarias da Saúde e dos Transportes. "A prefeita reconhece a importância do PSF (Programa Saúde da Família), porém recusa o ritmo que eu acho indispensável para atingir as 1.700 equipes prometidas para nós em 2004. Ela quer parar a expansão agora e gastar o orçamento em outras áreas da saúde." Segundo petistas ouvidos pela reportagem do Estado, a permanência de Jorge no cargo estava "em contagem regressiva". "No final do ano passado, foi acordado na Câmara que os vereadores poderiam indicar pessoas para ocuparem cargos na coordenadoria de saúde", disse um influente petista. "O Eduardo não aceitou. Com a saída, a Câmara está em festa." A situação do secretário ficou delicada também no fim do ano passado, quando se afastou do cargo para reassumir sua cadeira na Câmara dos Deputados. Oficialmente, ele saiu para encerrar o trabalho como deputado federal. Nos bastidores, Jorge teria ido a Brasília para contatos políticos com o novo governo federal. Na época, ele foi cotado pelo PT para assumir o Ministério da Saúde. Em nota divulgada no fim da tarde desta quinta pela Secretaria de Comunicação Social, a Prefeitura informa que a prefeita Marta Suplicy decidiu exonerar Eduardo Jorge do cargo por "necessidade de mudanças de rumo na área da Saúde, cujos problemas vinham se avolumando nos últimos meses, apesar de todo o apoio do governo". A Prefeitura negou o loteamento de cargos de confiança nas coordenadorias de saúde.

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