PUBLICIDADE

Secretário de Segurança convenceu seqüestrador

Por Agencia Estado
Atualização:

O desfecho bem sucedido do seqüestro de uma lotação, em Porto Alegre, ocorreu após uma conversa entre o seqüestrador João Sérgio dos Santos Pereira, de 27 anos, e o secretário estadual de Justiça e Segurança, José Paulo Bisol. João Sérgio recebeu garantias de vida e de um processo justo, além da promessa de ajuda à sua família pela Secretaria do Trabalho e Ação Social. Depois de 27 horas de tensão, o seqüestrador rendeu-se à polícia gaúcha e libertou as três mulheres e dois homens que ainda mantinha como reféns. João Sérgio não tinha antecedentes criminais e trabalhava como cozinheiro da Receita Federal. Encapuzado, vestindo um colete a prova de balas, o ele saiu da lotação às 12h05, acompanhado dos reféns, todos em bom estado de saúde, e foi encaminhado ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), onde foi submetido a exames médicos e prestou os primeiros depoimentos. Inicialmente, o seqüestrador exigia R$ 500 mil e um helicóptero para a fuga, mas a descoberta de sua real identidade e a intervenção de seus familiares nas negociações o fizeram recuar progressivamente de suas reivindicações. Já convencido a se render, ele pediu para falar com o governador Olívio Dutra, mas acabou aceitando as promessas de Bisol. "O tempo e a paciência permitiram que a gente fosse bem sucedido e que ninguém tenha saído ferido", comemorou o chefe do Estado-maior da Brigada Militar, coronel Luis Carlos Brenner. O secretário Bisol chegou ao prédio do Instituto de Educação, colégio localizado ao lado do ponto onde a lotação permanecia cercada pela polícia, no início da manhã para acompanhar as negociações. Entre os familiares de João Sérgio presentes ao local, estavam a mãe, o irmão, a esposa Sílvia e uma mulher chamada Elisabete, que seria atual companheira do seqüestrador e teria tido papel decisivo no seu convencimento. Problemas mentais Casado, pai de dois filhos, morador do Jardim Algarve, em Alvorada (município da região metropolitana), João Sérgio teria um histórico de problemas mentais, segundo as informações da polícia, mas não apresentava perfil violento como o bandido Sandro do Nascimento, que seqüestrou um ônibus no Rio de Janeiro no ano 2000. O cozinheiro gaúcho tomou a lotação Santana, prefixo 350, que se dirigia ao centro de Porto Alegre, pouco antes das 9h de sexta-feira com o objetivo premeditado de usar os passageiros como reféns. Ele dizia portar uma bomba, mas na verdade o artefato que carregava, enrolado em fitas adesivas, era feito de madeira. Durante o seqüestro, segundo os reféns, João Sérgio chegou a colocar o revólver em sua própria boca e chorou bastante falando de seus dramas pessoais. Ele libertou quatro reféns (mulheres) em troca de alimentos, água e material de higiene antes de sua rendição final. O cozinheiro será processado por tentativa de extorsão mediante seqüestro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.