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Secretário diz que surto de dengue era inevitável

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário municipal da Saúde, Ronaldo César Coelho, afirmou hoje, momentos depois de ter a confirmação da primeira morte causada pela dengue este ano na cidade, que a explosão de casos da doença no Rio era "previsível mas inevitável". O nome da vítima, uma moradora da favela da Rocinha de 28 anos, não foi divulgado por "razões éticas". De acordo com o último balanço da secretaria, foram registrados 916 casos de dengue no município desde o começo do ano - quase o dobro do número (504) registrado em todo o mês de janeiro de 2001. Do total, 21 pessoas manifestaram a forma mais perigosa da doença, a hemorrágica. "Nós sabíamos que enfrentaríamos mais casos em 2002 do que em 2001, porque a entrada no novo tipo de vírus, do tipo 3, zerou a imunidade da população", disse o secretário. "Não adianta botar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica para combater o mosquito; precisamos da adesão da população para diminuir os casos." Segundo ele, 35% dos moradores da cidade se recusam a abrir as portas de suas casas para os agentes de saúde do município. Ronaldo afirmou que a secretaria deverá aplicar multas de até R$ 28 mil contra empresas públicas e privadas que contribuam para a proliferação do mosquito com, por exemplo, o abandono de terrenos. "Temos uma legislação que prevê a multa progressiva, mas não vamos usar contra os moradores, como em São Paulo, só contra as empresas. Temos que lutar pela mobilização da população, como ocorreu em Cuba." Casos - Há a suspeita de outro caso de morte por dengue na cidade, em Manguinhos. A secretaria municipal aguarda o resultado de exames para confirmar o caso. Já a Secretaria Estadual da Saúde informou que só vai divulgar o balanço dos casos de dengue no interior do Estado no início da semana que vem. Por enquanto, há suspeitas de que pelo menos três pessoas teriam morrido em São Gonçalo, no Grande Rio, São João de Meriti e Mesquita, na Baixada Fluminense. As secretarias dos três municípios confirmam que, clinicamente, as vítimas teriam morrido de dengue hemorrágica, mas a confirmação do diagnóstico ainda será feita pelo Laboratório Estadual Noel Nutels. Exames - O sanitarista Oscar Berro, diretor do Laboratório Central Noel Nutels, responsável pelos diagnósticos de dengue no Estado, fez um apelo hoje às secretarias da Saúde dos municípios para que enviem os exames corretamente. "Muitos municípios estão colhendo o sangue dos pacientes suspeitos sem esperar o tempo mínimo de seis dias a partir do surgimento dos primeiros sintomas", afirmou. Dos 4.000 testes-diagnósticos já recebidos pelo Nutels, segundo Berro, 10% são impróprios. "Muitas amostras de sangue vêm com gordura, contaminadas, sem condições para os testes", disse. Segundo ele, o laboratório está sobrecarregado, apesar de ter 38 funcionários trabalhando 24 horas por dia para realização dos testes. O diretor do Noel Nutels lembrou que cada exame de dengue custa, ao Estado, entre R$ 15 e 20 e são necessários três dias para se ter o resultado. "É preciso que as secretarias municipais tenham consciência disto. Em uma família com 10 pessoas suspeitas de contaminação, por exemplo, não é necessário que o município envie amostras de sangue das 10 pessoas. Neste caso, apenas três amostras são suficientes", explicou. Entre as cidades que têm procurado o Noel Nutels, de acordo com estatísticas de Berro, Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, é a que tem o menor índice de positividade, com 30% de acertos. "Ou seja, a cada 10 testes diagnósticos enviados pela secretaria da Saúde daquele município, apenas três têm dengue", afirmou. Duque de Caxias, também na Baixada, é a que tem o melhor índice de positividade, com 67% de acertos. O laboratório ainda não conseguiu fechar as estatísticas do Rio, que registra o maior número de doentes. Protesto - Os servidores federais conhecidos como mata-mosquitos, demitidos há dois anos, fizeram nesta sexta-feira, uma manifestação em frente ao escritório do Ministério da Saúde no centro do Rio. Eles afirmam que as demissões - ocorridas durante a municipalização do serviço - foram ilegais e reivindicam a recontratação dos agentes.

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