Secretário do RJ desafia bandidos: "Vamos partir para dentro"

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Por Agencia Estado
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?O nosso bloco está na rua. Se tiver que ter conflito armado, que tenha. Se alguém tiver que morrer com isso, que morra. Vamos partir para dentro, não tem conversa?, afirmou nesta quarta-feira o secretário de Segurança Pública, coronel Josias Quintal, depois de participar do anúncio da operação Rio Seguro. Quintal ressalvou, no entanto, que a polícia deve ter cuidado para que inocentes não sejam feridos durante os eventuais conflitos. O prefeito César Maia (PFL), em entrevista à Rádio CBN, deu declarações no mesmo tom. Disse que, se estivesse à frente do governo do Estado durante a rebelião do dia 11 de setembro de 2002, na Penitenciária Bangu 1 ? que durou 23 horas e terminou com a morte de quatro detentos ?, teria mandado ?matar quem tivesse que matar?. ?Ali não tinha conversa. Se eu sou governador naquele momento, entra o Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) e mata quem tiver que matar. Aí, eu quero ver esses Niterói, Boa-Vista, Beira-Mar, como eles vão ficar no dia seguinte?, afirmou, referindo-se aos traficantes Marco Antônio Silva Tavares, o Marquinho Niterói, e Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, acusados de ordenar os atos de violência dos últimos dias. Maia criticou o governo estadual, que, para ele, não tem autoridade suficiente. E disse ainda sobre a rebelião em Bangu 1: ?Não tinha negociação. Se eles não se deitassem no chão imediatamente, atirava para matar. Porque ou eles são enfrentados dessa maneira ou quem vai ter que se deitar no chão em função do que eles fazem é a população. Isso tem que se inverter. A autoridade se impõe com a energia que for necessária. Se possível, com mandado de prisão; se não for possível, com energia máxima.? As declarações repercutiram mal entre entidades de defesa dos direitos humanos. Esther Kosowski, presidente da Comissão de Direitos Humanos da seção Rio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), disse que o secretário e o prefeito fizeram apologia ao crime. ?São declarações bombásticas que não resolvem o problema e parecem só querer estar em consonância com a população, que está acuada diante dessa violência. Mas nem o prefeito nem o secretário de Segurança podem lavar as mãos?, disse. Sandra Carvalho, diretora de pesquisa do Centro de Justiça Global, acredita que o discurso é o mesmo quando ocorrem episódios como os dessa semana. ?As autoridades apresentam essas soluções simplistas, como executar criminosos, pena de morte, endurecimento de pena, num discurso do ?bandido bom é bandido morto? que acalma a opinião pública. Declarações assim mostram por que a polícia do Rio é das mais violentas do País: não é apenas discurso, mas uma política de segurança, e não pode ser uma política pública a execução de suspeitos e presos.?

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