Secretário libera TVs para presos assistirem à Copa

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Por Agencia Estado
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O secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, admitiu nesta terça-feira que permitiu a entrada de televisores para serem instalados em áreas comuns das penitenciárias do Estado. Essa era uma das reivindicações apresentadas pelo Primeiro Comando da Capital em março para que a paz voltasse aos sistema prisional. A autorização ocorreu há um mês. O PCC comprou 60 aparelhos. Eles deviam ficar na área comum das prisões como se fossem telões para que os presos pudessem assistir aos jogos da Copa do Mundo. Furukawa disse não saber de que tipo eram esses aparelhos - se eram normais ou de plasma. Também não sabe o tamanho das telas. "Não vi nada de mal, desde que não comprometa a segurança." O secretário afirmou não saber quem comprou as TVs que seriam postas nas entradas das galerias de celas. Com a transferência dos líderes do PCC para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, eles ficaram sem TV, o que os deixou contrariados, pois iam perder os jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo da Alemanha. Sem acordo Furukawa negou, no entanto, ter feito um acordo com Marcola para que as rebeliões terminassem. Segundo ele, o líder do PCC pediu o fim do Regime de Observação (RO) para os 765 presos que foram transferidos para Venceslau, chamada agora de "Parque dos Monstros" por concentrar os mais perigosos bandidos do Estado. Segundo Furukawa, Marcola também pediu que os advogados pudessem entrar na prisão. "Ele não foi atendido, pois não houve acordo." O comandante-geral da PM, coronel Eliseu Eclair Teixeira Borges, também negou o acordo. "Esqueçam. Isso jamais ocorreu." Mordomia Marcola é intocável dentro dos presídios. Ao contrário dos demais, o líder do PCC desfruta mordomias que deixam irritados os agentes penitenciários e diretores de presídios, mas que não incomodam seus colegas de prisão. Há sempre um detento próximo disposto a assumir uma contravenção para livrar Marcola de complicações. "Certo dia, caiu um celular dele, mas houve outros três detentos para assumir a posse do aparelho", diz o diretor de um dos presídios onde ele cumpriu pena. No início deste ano, a cela onde Marcola cumpria pena, em Presidente Bernardes, teve as grades serradas, mas ele foi inocentado pela Justiça porque seus companheiros "assumiram a bronca" e não houve como provar que era ele quem estava comandando a fuga. Por sempre ter alguém para assumir suas faltas, Marcola vai ficando cada vez "mais limpo". "O pior de tudo é a indisciplina", dizem diretores ouvidos pela Agência Estado. "Ele não respeita ninguém, é um folgado", disse um deles, que explica: "Nas revistas, os detentos são obrigados a agachar de costas para a Tropa de Choque verificar se algum deles esconde alguma coisa entre as nádegas. Todo preso passa por isso, menos Marcola." Em Presidente Bernardes, aliás, corre uma sindicância para apurar a entrega de comida de restaurante aos presos, entre eles Marcola. Em outro presídio, onde cumpria pena no passado, Marcola teria pedido um banquete com frutos do mar. Visitas íntimas Outras mordomias são para receber visitas, inclusive íntimas. A mulher de Marcola, por exemplo, Cíntia Giglioterra, pode chegar mais tarde, mas sempre é uma das primeiras a entrar no presídio. Nessa operação fura-fila, outras presas dão a vez a ela. O nome de Cíntia sempre está nos primeiros lugares de visita. "Não podemos fazer nada em relação a isso", diz um agente que libera a entrada de visitas. Marcola também recebe mais visitas íntimas do que os outros presos. Para isso, suas amantes - uma delas uma advogada - entram na lista visitas que deveriam ser para outros detentos.

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