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Secretário não quer Forças Armadas no combate à violência

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, disse que a população está ?ávida? pelo exercício da força, ?sem arbitrariedade?, ao defender hoje a regulamentação da Lei do Abate - em que a Força Aérea tem autoridade para derrubar aviões ilegais que invadam o espaço aéreo brasileiro ?, mas condenou a participação das Forças Armadas na segurança pública. Corrêa participou do seminário ?As Forças Armadas e a Segurança Pública?, na Associação Comercial do Rio de Janeiro. Corrêa expôs sua opinião depois de assistir à apresentação do comandante geral do Ar, tenente-brigadeiro-do-ar José Carlos Pereira. O brigadeiro apresentou diálogos entre dois traficantes ? um deles piloto de um avião interceptado que levava 300 quilos de cocaína. O criminoso que estava em terra dizia para o piloto seguir adiante, porque os militares não atirariam. ?É preciso resgatar o princípio da autoridade. A sociedade está ávida pelo exercício (da força) sem arbitrariedade, mas com o objetivo de defesa social no combate à criminalidade e também da nossa soberania. Como funcionários públicos encarregados do combate ao crime, é um acinte ouvir esses diálogos e nos indigna muito.? O secretário defendeu o abate de aeronaves na região de fronteira. Segundo dados apresentados por Pereira, houve 355 invasões do espaço aéreo brasileiro entre 2001 e 14 de novembro de 2003. Nesse mesmo período, a Aeronáutica identificou 11.916 vôos ilegais no país. O tenente-brigadeiro também defendeu a regulamentação da Lei do Abate e disse que enquanto isso não ocorrer seus pilotos não derrubarão aviões, mesmo que carregados de armas e drogas, enquanto eles não estiverem sob proteção da lei. ?Se depender de mim, enquanto não houver uma lei, piloto meu não derrubará avião. Porque ele será levado ao tribunal por homicídio triplamente qualificado. Ele planejou o crime, porque fez um plano de vôo. Ele foi cruel, porque ficou acompanhando o avião. E não deu nenhuma chance de defesa à vítima?, ironizou Pereira. ?É necessário que haja uma saída jurídica. E decididamente não é um problema da Força Aérea ou do ministro da Defesa?, enfatizou. Sobre a participação das Forças Armadas na segurança pública, o secretário Corrêa disse que é preciso antes esgotar a capacidade das polícias estaduais. Para ele, a própria Polícia Federal tem sido usada indiscriminadamente para suprir falhas das polícias civil e militar, ?em nome da sua credibilidade?. ?Há uma polícia sucateada, desestruturada, desmotivada. Se em vez de resgatar essa instituição se traz outra para substituir, jogamos essa que goza de credibilidade num cenário de desgaste. Se continuarmos, vamos puxar as Forças Armadas para a área de desgaste?. Ele defendeu o resgate das polícias.

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