Secretário quer que Rio assuma combate ao narcotráfico

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Por Agencia Estado
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A nova onda de chacinas atribuídas ao tráfico de drogas levou o secretário da Segurança Pública do Rio, coronel Josias Quintal, a classificar a atuação da Polícia Federal de "inócua e inadequada" e a pleitear o controle, pelo Estado, do combate ao narcotráfico e ao contrabando de armas nas fronteiras, tarefas de competência da PF. "O artigo da Constituição que atribui à PF o papel de controle do narcotráfico já se mostrou inócuo, inadequado e ultrapassado. Isso tem que mudar, porque não funciona" afirmou ele, durante a 1ª Conferência de Segurança Pública para a América do Sul, realizada no Rio. Quintal disse que vai a Brasília esta semana pleitear a mudança: "Nós temos uma limitação enorme e não temos visto uma ação eficaz no combate ao narcotráfico e ao contrabando de armas. Alguém aqui é capaz de citar alguma ação de fato espetacular da PF, uma prisão que não seja a do Fernandinho Beira-Mar?", questionou o secretário. Segundo ele, não há integração, a PF "trabalha lá no seu canto". "Temos uma relação muito distante que não mudou, não melhorou nada." Quintal passou o dia reunido com a cúpula da secretaria na Marina da Glória, onde ocorre o seminário, organizado pelo governo estadual. O secretário disse que há uma expectativa de que a polícia resolva problemas que não seriam seus, como a estrada de drogas e armas no Estado e o crescimento do tráfico nas favelas. "Não foi a polícia que criou as favelas e não é a polícia que vai conter o crescimento desordenado delas, atribuição da prefeitura. Deve haver uma divisão das responsabilidades", disse Quintal. "A polícia faz sua parte. Prendemos quatro pessoas por hora, temos recordes sucessivos na apreensão de drogas e armas e nenhum seqüestro." Ao comentar o baixo salário (cerca de R$ 600) dos policiais - um dos principais fatores de corrupção apontados pelo ex-comandante da Polícia Nacional da Colômbia, general Russo José Serrano, durante o seminário -, Quintal disse que ele está de acordo com a realidade brasileira e com as possibilidades da secretaria: "E o salário do professor, e o salário do jornalista, vocês ganham bem? Estamos no Brasil." Nos EUA, um soldado ganha, em início de carreira, US$ 28 mil por ano. Para Serrano, o narcotráfico é o "pior flagelo da humanidade, acima de qualquer doença". Ele defendeu a troca constante de informações entre os países para um combate globalizado aos narcotraficantes. O diretor do Centro de Cidades Européias para o Combate ao Tráfico, Torgny Peterson, disse que o faturamento anual estimado do comércio de drogas é de US$ 500 bilhões. "É a segunda maior indústria do mundo, só perdendo para o comércio de armas, que está interligado." Durante o seminário, o comandante da PM, coronel Wilton Ribeiro, resumiu sua interpretação sobre o momento vivido pela polícia do Rio: "O Brasil não precisa de tanta tecnologia assim. Precisa é que as pessoas fumem menos, cheirem menos e se injetem menos. É o consumo: o nariz dessas pessoas, a veia dessas pessoas e o pulmão dessas pessoas que está enriquecendo cada vez mais as contas bancárias dos traficantes de drogas?.

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