Secretário vai cadastrar empresas de transporte para atuar em greves

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário municipal dos Transportes de São Paulo, Carlos Zarattini, disse, nesta sexta-feira, que, a partir de segunda-feira, a Prefeitura vai cadastrar empresas de transporte da Grande São Paulo não vinculadas ao serviço urbano nem clandestinas, para atuar na capital em situações de emergência, como greves. "Não será feita chantagem com a população de São Paulo", disse Zarattini. Ele se referia ao fato de, na semana passada, o Transurb (sindicato das empresas de ônibus) ter informado que o setor estava em crise, ameaçando não pagar o 13º salário. "Se houver paralisações, vamos garantir o transporte." O presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores, Edevaldo Santiago Silva, aprovou a decisão da secretaria. "O Transurb tinha esperança de conseguir subsídio da Prefeitura ou o parcelamento do pagamento", disse Silva. Para ele, o esquema alternativo nem será usado. "Não vamos entrar no jogo dos empresários." Segundo Silva, as empresas têm dinheiro porque a tarifa foi reajustada e o número de transportados aumentou. A direção do Transurb não respondeu aos telefonemas da reportagem. Especialistas receberam com ceticismo o projeto de lei que cria o Sistema de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros, aprovado, nesta quinta-feira, pela Câmara. Para eles, a proposta carece de definições, entre elas como será a preservação de empregos ou qual o papel da São Paulo Transporte (SPTrans) com a criação de dois órgãos para a fiscalização e a gestão de receitas. "Esse projeto mais se parece com a criação de um cavalo perfeito, com corcovas como as de um camelo", ironizou o presidente do conselho do Instituto para o Desenvolvimento de Trânsito e Transporte, Getúlio Hanashiro, que foi secretário dos Transportes na gestão Pitta. "O PT poderia ter apresentado o projeto em março, permitindo uma discussão mais profunda." Incertezas do projeto incomodam o presidente do Sindicato dos Lotações de São Paulo, José Célio dos Santos, que representa perueiros legalizados. "O projeto é muito genérico. Não especifica deveres e direitos de cada setor do transporte." O professor de Engenharia de Transporte da Escola Politécnica, Cláudio Barbieri da Cunha, considera "uma decisão inteligente" a cobrança de tarifa diferenciada. Mas ressaltou que o critério não está claro. Para Cunha, deveria ser revista a gratuidade da passagem. Para o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores, "embora os empresários estejam chiando, o projeto vai melhorar o transporte, beneficiando a população e a categoria". Silva elogiou a fixação do número máximo em 6 mil perueiros. "Como estava antes, no futuro poderiam ser abertas vagas para 9 mil ou 10 mil deles." Na Câmara, a bancada do PSDB quer incluir quatro emendas ao projeto. Entre elas, a preservação dos postos de trabalho no setor de transporte.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.