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Secretário vira réu ao deixar cargo

Frederico Bussinger, secretário municipal de Transportes, está sendo processado por improbidade administrativa

Por Alexssander Soares
Atualização:

Um dia antes de ser substituído no cargo pelo advogado Alexandre de Moraes, o secretário municipal de Transportes, Frederico Bussinger, virou réu em uma ação de responsabilidade civil por improbidade administrativa. A denúncia, aceita ontem pela Justiça, foi oferecida pela Promotoria da Cidadania do Ministério Público Estadual (MPE) pelo fato de Bussinger manter um contrato de emergência com a empresa Himalaia Transportes, desde junho de 2005, para operar o transporte coletivo na zona leste da capital - chamada de área 4 na divisão do sistema municipal de transporte. A Promotoria ingressou com a ação após o secretário não seguir a recomendação de substituir a Himalaia por outra empresa no contrato de emergência ou mesmo realizar um rodízio entre as companhias do setor. A Himalaia opera na zona leste desde dezembro de 2004, com o primeiro contrato de emergência assinado no último dia da gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT). Bussinger renovou o contrato, sem licitação, por mais cinco vezes, totalizando um repasse à empresa no valor de R$ 439.780.314,00. Autor da ação, o promotor Silvio Marques solicitou, em caráter liminar, a anulação do contrato de emergência com a Himalaia e o ressarcimento integral do dano, equivalente aos R$ 439 milhões, aos cofres da Prefeitura. A ação tramita na 9ª Vara da Fazenda Pública. A juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti ainda não analisou o pedido de liminar para suspensão do contrato. LICITAÇÃO A concorrência para operar na área 4, em 103 linhas da zona leste, sofre com problemas judiciais desde a última tentativa da administração petista de abrir os envelopes com a proposta da empresa vencedora. A Transppass Transportes de Passageiros Ltda., única habilitada pela gestão passada a concorrer na licitação, havia sido constituída oito dias após o lançamento do edital. A Transppass tinha os mesmos sócios das Viações Castro e Osasco, que, por débitos na Receita Federal, não tinham condições legais de ingressar na disputa. A tentativa de participação da Transppass foi alvo de diversas ações judiciais no final de 2004, ingressadas pelo vereador tucano Gilberto Natalini e pela Transcooper, cooperativa de perueiros interessada em também participar da disputa. O então secretário de Transportes, Jilmar Tatto (PT), decidiu contratar por emergência a Himalaia em 30 de dezembro de 2004, por um período inicial de seis meses. "A Himalaia ficou com o contrato de emergência, mas ela é do mesmo grupo empresarial das Viações Castro e Osasco", disse o advogado da Transcooper, Bension Coslovsky. O Tribunal de Contas do Município (TCM) também paralisou, por tempo indeterminado, a licitação da área 4 realizada por Bussinger. Em dezembro do, o conselheiro Edson Simões apontou irregularidades no processo, principalmente no serviço de atendimento para portadores de deficiência na área, o Atende. Em sua defesa apresentada à Promotoria, Bussinger disse que enviou as respostas ao TCM em 19 de junho. O promotor alega que as respostas foram enviadas "exatamente no mesmo dia em que ele assinou o último contrato (de emergência) com a Himalaia. "É evidente que houve uma demora injustificada para a realização da licitação pública, apesar de ter havido tempo suficiente", escreve o promotor na ação. Em nota, Bussinger alega que desconhece o conteúdo da ação. O secretário ressalta que os "contratos emergenciais, todos dentro da lei, tornaram-se necessários para garantir o atendimento à população daquela grande área da zona leste". O secretário também afirma que o processo foi suspenso por orientação do TCM. Os diretores da Himalaia não foram encontrados pelo Estado.

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