Segundo controladores, pilotos do Legacy não são culpados

Em depoimento, eles afirmaram que o choque entre o Boeing da Gol e o jato foi conseqüência de uma sucessão de falhas no sistema de radar e de comunicação

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Por Agencia Estado
Atualização:

As declarações de dois controladores de vôo, um dos quais monitorava o Legacy no momento do acidente com o Boeing da Gol, foram bem recebidas pela defesa dos pilotos do jato. Para Theo Dias, um dos advogados de Joe Lepore e Jan Paul Paladino, as novas informações mostram que eles não desrespeitaram as normas de aviação e que a queda do Boeing, que matou 154 pessoas, foi conseqüência de uma sucessão de falhas no sistema de radar e de comunicação. "As revelações reforçam o argumento de que é prematuro apontar culpados. Uma série de acusações imputadas aos pilotos já foram refutadas, desde a divulgação do relatório da Aeronáutica", disse Dias. Ele citou, por exemplo, a divulgação de diálogo em que os pilotos receberam autorização para voar até 37 mil pés até Manaus. E, também, a confirmação de que eles tentaram se comunicar com controladores de vôo pelo menos 20 vezes e que não faziam qualquer tipo de teste com a aeronave. Os controladores, que quebraram o silêncio dois meses depois do acidente, relataram que o choque ocorreu porque o sistema "corrigiu" a altitude do Legacy de maneira errada: o jato estava a 37 mil pés, em rota de colisão com o avião da Gol, mas, na tela, apareceu que a altitude era de 36 mil pés. O fato de o transponder do Legacy estar inoperante agravou o problema. O dispositivo fornece dados precisos ao centro de controle, ao passo que o radar primário disponibiliza informações aproximadas. Os pilotos sustentam que não desligaram o aparelho e que não sabiam que ele havia parado de funcionar. "Eles tentaram falar insistentemente com os controladores, o que mostra que não estavam tentando se ocultar, passar despercebido. Não teria cabimento desligar o transponder", afirmou Theo Dias. Ele disse que o depoimento dos pilotos à Polícia Federal ainda não foi marcado (ambos falaram à Aeronáutica, por duas vezes, e à Polícia Civil, mas não no inquérito aberto pela PF para apurar responsabilidades pelas mortes). Lepore e Paladino continuam hospedados no Rio.

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