Seis dias após rebelião, polícia acha celulares e drogas em Bangu 1

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Por Agencia Estado
Atualização:

Seis dias depois da rebelião com quatro mortos em Bangu 1, uma vistoria surpresa da Polícia Civil, realizada nesta terça-feira, resultou na apreensão de dois telefones celulares, com carregadores, e três trouxinhas de maconha. A revista começou por volta de 8 horas e, assim que ouviram o anúncio dos agentes do Desipe, os presos jogaram a maconha e os celulares para fora das celas. Segundo a polícia, a droga estava com o traficante Marquinhos Niterói. A última revista havia ocorrido na quinta-feira, quando acabou o motim. Uma foto da modelo Viviane Araújo com dedicatória para o traficante Dani do Jacarezinho também foi recolhida durante a operação: ?Para o amigo Daniel, com um forte abraço e um grande beijo, Viviane Araújo. 16/02/2002?. Viviane é mulher do pagodeiro Marcelo Pires, o Belo, investigado por associação criminosa para tráfico de drogas. Dani pertence à favela que era dominada pelo traficante Vado, que teve conversas telefônicas com Belo interceptadas pela polícia. Vado foi morto no mês passado, em confronto com Pms. Pelo porte de maconha, Marquinhos Niterói vai ser indiciado por tráfico. Ele foi levado para a Polinter, cuja equipe realizou a vistoria. Depois, seguiu para o Batalhão de Choque da Polícia Militar, onde já estão presos Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, e outros três participantes do motim. A secretaria da Segurança Pública estabeleceu que o quartel da PM servirá como cárcere punitivo para presos que cometam atos de indisciplina em Bangu. De acordo com o delegado Ricardo Hallack, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), o que possibilita a entrada de telefones celulares e drogas nos presídios é o falho procedimento adotado para as visitas. Nos fins de semana, os presos recebem parentes e mulheres nas próprias celas. ?Elas ficam o dia inteiro na cela. Fica fácil entrar com o celular na vagina e depois esconder.? Hallack é o responsável pela investigação que apura se houve corrupção de agentes do Desipe para a rebelião. Os 21 funcionários que estavam na penitenciária no dia do motim já foram ouvidos pela polícia, que agora vai confrontar os depoimentos e fazer acareações, caso seja necessário. O delegado estuda a possibilidade de pedir à Justiça a quebra do sigilo bancário de alguns dos agentes para tentar identificar possível suborno por presos. Parcialmente destruído pelo motim, Bangu 1 está sendo reformado e deve voltar a funcionar normalmente na semana que vem, com novos dispositivos de segurança. A penitenciária, com capacidade para 48 presos, abriga atualmente 19 detentos.

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