Seis vítimas do acidente da Gol já foram enterradas em Manaus

Tratamento dado pela empresa aérea aos familiares e à imprensa vem sendo alvo de críticas na capital amazonense

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Por Agencia Estado
Atualização:

Seis vítimas do vôo 1907 da Gol já foram enterradas em cemitérios de Manaus desde o sábado, 7. Sob uma forte chuva no fim da tarde desta segunda-feira, 9, depois do atraso de três horas do vôo que trouxe os corpos de Brasília, foram enterrados no cemitério São João Batista o técnico em informática Gilcley Costa, de 27 anos, e a estudante de medicina Viviane Rosset Carvalho, de 22. Pela manhã, haviam sido enterradas no cemitério Parque Tarumã a enfermeira Elizabeth Barbosa da Costa, de 31 anos, e sua filha Giovanna Costa, de 2. No sábado foram enterradas no São João Batista a aposentada Olga Macedo, de 76 anos e o empresário Francisco Augusto Garcia Filho, de 34. Segundo o presidente da Associação da Região Norte das Famílias e Amigos de Vítimas em Acidentes Aéreos (Abrapava), Camilo Barros, irmão de Carlos Guilherme Barros, um dos 33 mortos em 2004, em Manaus, na queda de um avião da Rico Linhas Aéreas, o tratamento da Gol com as famílias e a imprensa tem sido diferente em Manaus e Brasília. "Estive com a presidente da associação nacional, Sandra Assali, em Brasília no fim de semana e a assistência da Gol às famílias é de informação total e irrestrita, que se estende à imprensa. Em Manaus, o gerente local não só não dá informações às famílias como quando dá ainda as proíbe de repassar coisas simples à imprensa, como o local dos sepultamentos", disse. Procurado pela reportagem do Estado, o gerente da Gol em Manaus, Marcelo Dumont, afirmou por meio de uma secretária não ter autorização da empresa para dar qualquer informação à imprensa, sequer sobre os corpos que estão chegando e onde serão enterrados. Para saber o local dos enterros a reportagem contou com informações da Abrapava, de famílias dos mortos e das administrações de funerárias e cemitérios de Manaus. No enterro de Gilcley, familiares usavam camisetas com a foto do rapaz e os dizeres: "Amor Eterno". Gilcley saiu de Manaus para fazer uma surpresa à namorada Ana Carolina Gomes de Sá, de 25 anos: Ia pedi-la em casamento após dois meses de namoro. Segundo um primo de Gilcley, a família está ainda em choque. "Era um rapaz alegre, cheio de otimismo, e tinha certeza que tinha encontrado o amor da vida dele, mesmo com tão pouco tempo de namoro". Sorocaba O corpo do administrador de empresas Francisco Anderson Geraldi Farias, de 54 anos, outra vítima do vôo 1907 da Gol, foi velado durante a tarde desta segunda no velório Ofebas, em Sorocaba. Os restos mortais, que tinham sido identificados na manhã de domingo pelos peritos do Instituto Médico Legal (IML) do Distrito Federal, chegaram no início da tarde na cidade, em caixão fechado. O caixão foi transportado de avião até o aeroporto de Viracopos, de onde seguiu de carro para Sorocaba. A mulher e os dois filhos de Farias ficaram muito emocionados e foram consolados pelos parentes e amigos. "É um momento doloroso, mas de uma certa forma, é também o fim de uma angústia", disse o cunhado de Farias, Ricardo de Sanctis, lembrando o longo e extenuante processo de resgate e identificação dos corpos na mata. O velório demorou apenas três horas. No final da tarde, o corpo foi levado para o crematório da Vila Alpina, em São Paulo, atendendo a um desejo do executivo de ser cremado, segundo os familiares. Farias era diretor financeiro de uma empresa de energia em Manaus e retornava para casa, em Sorocaba. Belo Horizonte Em meio a um clima de muita emoção, foi sepultado no final da tarde desta segunda, no Cemitério Parque da Colina, região oeste da capital mineira, o corpo da agente da Polícia Federal (PF) Joana Batalha Ignácio, de 28 anos, uma das vítimas do acidente com o Boeing da Gol. Joana morava em Manaus há cerca de seis meses. Natural de Belo Horizonte, ela foi transferida para a capital amazonense após passar no concurso da corporação. Joana estava entre os passageiros do vôo 1907 porque pretendia fazer uma surpresa para os pais e namorado, o advogado Guilherme Diniz, também de 28 anos, que moram na capital mineira. Os parentes foram surpreendidos depois do acidente com a notícia de que Joana era uma das vítimas da tragédia. Bastante emocionada, a mãe, Maria de Fátima Batalha, 51 anos, lembrou os planos mais recentes da filha única: Chegar ao posto de delegada da PF, se casar e ter filhos. O namorado contou que eles pretendiam subir ao altar já no ano que vem. Dezenas de parentes e amigos acompanharam o enterro. O caixão de Joana foi coberto por uma bandeira da PF, que foi representada por um delegado da corporação. Matéria ampliada às 20h31

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