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Sem seguro, sem sensor e com alarme desligado

Obsoleto, sistema de segurança ficou quase dois meses desativado

Foto do author Marcelo Godoy
Por Marcelo Godoy , e Jotabê Medeiros
Atualização:

Alvo de duas tentativas de invasão, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) funcionou por quase dois meses com seu sistema de alarme desativado. O dispositivo não é considerado de última geração, mas havia evitado a primeira tentativa de assalto, ocorrida em 29 de outubro, quando dois ladrões renderam vigias e tentaram chegar ao 2º andar do prédio, onde fica o acervo permanente. O Masp também não possui um seguro específico para suas 8 mil obras de arte - a apólice vale para o imóvel como um todo. Segundo o curador do museu, Teixeira Coelho, nenhum museu de grande porte costuma assegurar seu acervo, uma vez que o pagamento seria impraticável. "Um acervo de US$ 1 bilhão, por exemplo, teria de pegar uma porcentagem do seu valor, o que daria US$ 10 milhões por ano. É mais do que o faturamento do museu", explicou. Já sobre o desligamento do alarme, a direção do Masp usou argumentos pouco técnicos. Desde o ataque do dia 29, argumentaram funcionários ouvidos pelo Estado, o sistema "vivia disparando" durante as rondas noturnas. Em vez de consertá-lo, o Masp decidiu confiar a vigilância de seu valioso acervo a uma equipe de aproximadamente 30 seguranças e câmeras de monitoramento analógicas, instaladas no ano 2000. Na ocasião, os policiais chegaram a alertar a direção do museu para a fragilidade do sistema de segurança do prédio, mas nada foi feito. A instalação de equipamentos mais modernos na sala do acervo permanente - com recursos como zoom, infravermelho e sensores de movimento - custaria cerca de R$ 30 mil, dinheiro que a direção do Masp diz não ter em caixa. Ao contrário de outros museus e galerias de arte do País, o Masp possui vigias próprios, alguns deles contratados há mais de dez anos. Durante a noite, a equipe de segurança é composta por três pessoas. Enquanto um fica encarregado de observar as imagens do circuito interno de TV, outros dois fazem rondas pelo prédio. Os três funcionários que estavam de plantão no dia do furto, além do chefe da segurança, foram ouvidos ontem pela polícia. Nos próximos dias, os demais vigias do Masp também serão chamados para prestar depoimento. OUSADIA Além da Polícia Civil, a Polícia Federal também foi acionada para ajudar nas investigações. A PF comunicou os aeroportos, portos e postos de fronteiras do País e as agências policiais de países que mantêm relações diplomáticas com o Brasil. Fotos das obras furtadas foram encaminhadas para o site da Interpol. Na avaliação do superintendente da PF em São Paulo, Jaber Hanna Makul Saadi, a rapidez do furto é um forte indício de que o crime foi encomendado. "Os ladrões têm algum conhecimento artístico e um atrevimento muito grande." Para Saadi, o mais provável é que o destino dos quadros seja o mercado internacional. COLABOROU RODRIGO PEREIRA

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