Sem STF, Ficha Limpa está em vigor

Mesmo que continuem disputando as eleições, candidatos enquadrados na Lei da Ficha Limpa ainda dependerão de decisão do Supremo

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Por Felipe Recondo e Mariângela Gallucci
Atualização:

Entre as muitas dúvidas que restaram após o impasse no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) ficou uma certeza: a Lei da Ficha Limpa continua em vigor. Os cinco votos contra a aplicação da lei não foram suficientes para adiar seus efeitos ou anular sua eficácia. Os candidatos fichas-suja poderão concorrer, mas dependerão da palavra final do STF sobre a constitucionalidade das novas regras.A divisão do plenário, com o empate já "cristalizado", como definiu o presidente do STF, Cezar Peluso, forçará o tribunal a esperar a nomeação do ministro que ocupará a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Eros Grau, em agosto deste ano.Com isso, candidatos atingidos pela Lei da Ficha Limpa - condenados por tribunais e que renunciaram a mandatos para escapar de processos de cassação - vão disputar as eleições sem saber se poderão tomar posse em caso de vitória. Dependendo do resultado de um futuro julgamento do STF, serão impedidos de exercer seus cargos.Zerar tudo. A situação, que já estava complicada com o empate no julgamento desta semana, ficou mais imbricada com a renúncia de Joaquim Roriz à candidatura ao governo do Distrito Federal. A saída de Roriz da disputa pode levar o Supremo a zerar o placar do julgamento sobre a aplicação imediata da Lei da Ficha Limpa.Na quarta e quinta-feira, os ministros do STF julgavam justamente o recurso de Roriz contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que barrou sua candidatura. Com a renúncia, o recurso pode ser dado como prejudicado. Os advogados de Roriz e da coligação que apoiava a sua candidatura protocolaram ontem no Supremo pedidos de desistência do recurso.O STF deverá se reunir na próxima quarta-feira para decidir se arquiva o recurso do ex-governador do Distrito Federal ou se mantém o julgamento suspenso à espera do 11º ministro, que deverá ser indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições e terá a incumbência de desempatar o placar.A renúncia de Roriz, de certa forma, diminui a pressão sobre os ministros do STF para uma decisão emergencial. O placar será zerado e o clima apaixonado no tribunal criado por esse julgamento deverá ser serenado. Por tudo isso, a tendência é que o Recurso Extraordinário de Roriz (RE nº 63.0147) seja realmente arquivado.Uma ADI. Sendo arquivado o caso Roriz, o tribunal poderá julgar outros recursos que chegarão ao Supremo com o mesmo questionamento contra a aplicação da Lei da Ficha Limpa. Mas isso só deverá ser feito, para evitar um novo impasse, após as eleições e depois da indicação do 11º ministro do STF.Passadas as eleições, de acordo com ministros do STF, é possível até que um partido entre no Supremo com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI). Isso permitiria que os ministros avaliassem a constitucionalidade de cada um dos artigos da lei. O resultado desse julgamento valeria para todos os candidatos declarados inelegíveis com base nas regras aprovadas neste ano pelo Congresso.

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