14 de março de 2010 | 00h00
"Estamos fazendo uma coleta entre os trabalhadores para pagar o arrendamento", disse o líder Luciano de Lima. Ele não revelou o valor, mas contou que outros dois acampamentos foram montados na região mediante arrendamento. A estratégia de pagar pelo uso de um imóvel não tem precedentes na história da luta pela terra no País.
Mesmo assim, o grupo liderado por Lima continua ameaçado de despejo porque, numa ação movida pela prefeitura, a Justiça determinou que os sem-terra deixem o município. "Estamos sendo vítimas de perseguição política", diz o líder. Segundo ele, além de Piacatu, os municípios de Salmourão e Rinópolis obtiveram decisões que proíbem sem-terra de acampar em seus limites. As ações foram propostas após a mobilização do chamado "carnaval vermelho", quando 5 mil sem-terra ligados de Rainha montaram acampamentos em 70 fazendas do oeste paulista.
Conflito. No sul do Amazonas, a área mais desmatada no Estado, 15 mil pessoas ou mais de 3,5 mil famílias vivem em áreas de conflito por terra. A conclusão é do relatório anual da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Igreja Católica, cujo balanço nacional será divulgado em abril.
"Toda nossa luta é denunciada e ignorada pelas polícias e pelo poder público", diz Saloni dos Santos de Barros, da Gleba Iquiri. Ela é uma das 39 lideranças ameaçada de morte no Estado.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública no Estado, não há registro de pedido de investigação sobre ameaças de morte. Mas, de acordo com o relatório da CPT, de 2006 a 2009, oito pessoas foram assassinadas por causa de conflito de terra.
Nesses últimos quatro anos, foram 1.469 assassinatos no País. A apenas 85 casos foram a julgamento, mas, no Amazonas, nenhum. O mapa mostra que dos 39 pontos de conflito por terra no Amazonas, a maioria, onze, são no sul do Estado.
Encontrou algum erro? Entre em contato