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Sem-terra trancam funcionários do Incra

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 300 militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram um protesto, nesta quarta-feira à tarde, em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do Estado do Rio de Janeiro, nas Laranjeiras, zona sul da cidade. Eles queriam ser recebidos pelo governador Anthony Garotinho (PSB), mas acabaram formando uma comissão de seis pessoas para conversar com o secretário de Agricultura, Cristiano Áureo. Os militantes do MST saíram de lá com a promessa de uma futura reunião com o governador, que nunca os recebeu, apesar de insistentes pedidos de audiência. Durante a manhã, os militantes fizeram um protesto em frente à Superintendência do Incra, na Glória, zona sul, e, antes de sair em passeata para o Palácio Guanabara, trancaram a porta do prédio com um cadeado, deixando cerca de 50 funcionários presos no interior do edifício, por mais de uma hora. Os funcionários foram liberados por agentes da Polícia Federal. Os manifestantes estavam acampados desde esta terça-feira na porta do Incra. A principal reivindicação do movimento é o fim do convênio entre o Estado e o governo federal para a implantação do Banco da Terra, que já destinou R$ 100 milhões para o Rio. "O Banco da Terra é absolutamente prejudicial e substitui a reforma agrária. Exigimos que o governo acabe com esse convênio", criticou Fernando Moura, integrante da direção do MST, ressaltando que o projeto tem origem no Banco Mundial e representa a "mercantilização" da reforma, além de beneficiar os latifundiários. O encontro com o secretário de Agricultura foi tratado com desdém pelos militantes. "Serviu mais para a gente esclarecer os pontos de reivindicação", explicou Sandro Preato, assentado em Campos. O MST quer crédito subsidiado e assistência técnica para os assentados, escolas e postos de saúde, titulação dos assentamentos e agilização no assentamento Antônio de Farias, em Campos. O último ponto mereceu ênfase do secretário. Ele garantiu que o assentamento Antônio de Farias, onde serão investidos R$ 4 milhões para beneficiar 106 famílias, marcará o início de um novo modelo de comunidade agrícola. "O projeto está na fase de liberação de recursos. A partir de agora queremos todos no novo modelo", disse Áureo. Ele afirmou que o Banco da Terra será usado como um complemento ao modelo tradicional de assentamento e não para enfraquecer os movimentos organizados, como acusa o MST.

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