Seqüestrador dá novas informações sobre morte de prefeito

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Por Agencia Estado
Atualização:

O depoimento de um seqüestrador preso na sexta-feira à noite em Campinas, no Jardim São Fernando trouxe novas informações sobre o assassinato do prefeito Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, morto em 10 de setembro do ano passado. O seqüestrador se identificou como Adão de Paula Manja, apesar de não possuir documentos, e foi detido em um ponto de tráfico de drogas após denúncia anônima. Manja, de 23 anos, contou à polícia que o Vectra prata, de onde teriam partido os disparos que atingiram o carro do prefeito, era dirigido no momento do crime por Rogério Pereira Nunes, também de 23 anos, conhecido como Nego. Nunes foi encontrado morto no Jardim São Fernando há pouco mais de dois meses. No relatório final do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que conduziu as investigações, o Vectra prata era ocupado por Vanderson Nilton de Paula Souza, o Andinho, e outros três membros de sua quadrilha, mortos em confrontos com a polícia. Apesar de integrar o bando de Andinho, Nego não foi citado na conclusão do inquérito, já encaminhada pelo DHPP ao Ministério Público. Manja também contou à polícia que uma pistola nove milímetros apreendida em uma blitz na cidade foi a arma usada no assassinato do prefeito. O seqüestrador teria dito aos policiais que a pistola lhe foi entregue pelo próprio Andinho. A arma está sendo analisada pelo Instituto de Criminalística de São Paulo, para onde a polícia de Campinas a encaminhou após a apreensão, há duas semanas. O delegado que presidiu o inquérito da morte de Toninho, Luiz Fernando Teixeira Lopes, disse hoje que Nego e Adãozinho foram investigados durante os procedimentos do DHPP. Para o delegado, as informações reforçam as acusações contra a quadrilha de Andinho. "Se o resultado da balística da arma der positivo, é uma prova a mais contra Andinho", comentou. Lopes acrescentou que a participação de Nego no crime não foi apontada no relatório porque não ficou comprovada. "Ninguém apontou no papel e não há nenhuma prova indicando que ele estivesse no carro", alegou. O delegado, porém, não descarta a hipótese. "Ele pode ser o quinto elemento", indicou. Depois de ter feito as revelações, no entanto, Manja se recusou a assinar seu depoimento. O delegado, que está em férias, disse que irá "se inteirar sobre as novidades" com o Ministério Público de Campinas amanhã. Mas ressaltou que é preciso aguardar o resultado da balística, previsto para amanhã ou depois. Lopes afirmou que as novidades não interferem no resultado das investigações. Com a morte dos outros acusados, Andinho é o único que pode ser responsabilizado pelo assassinato de Toninho. O Instituto de Criminalística informou que desde a morte do prefeito, dez armas e 50 projéteis suspeitos de envolvimento no caso foram analisadas em São Paulo. Em média, 200 armas de todo o Estado são enviadas ao Instituto por dia para análise. Quadrilha Além das informações sobre o crime contra o prefeito, Manja contou à polícia que era membro de um bando de seqüestradores. Ele revelou ter recebido R$ 5 mil mais uma arma por sua participação no seqüestro de um adolescente de 15 anos, filho de um empresário do setor de ensino privado de Campinas, já libertado. No sábado, conduziu a polícia até uma casa no Jardim São Fernando, indicando-a como cativeiro, onde foram encontradas munições e entorpecentes. Manja foi preso por policiais militares da Força Tática, às 19h40 de sexta-feira, após uma comunicação ao disque-denúncia de Campinas. Com ele, a polícia apreendeu um revólver Taurus calibre 38. O seqüestrador revelou ainda que o líder da quadrilha é chamado de Coquinho, e mora no Jardim São Fernando, reduto de Andinho. Autuado em flagrante por tráfico e porte ilegal de arma, Manja permanece detido em Campinas.

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