Seqüestrador de Patrícia Abravanel mata dois policiais e foge

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Por Agencia Estado
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O mentor do seqüestro da estudante Patrícia Abravanel, Fernando Dutra Pinto, de 22 anos, matou os investigadores Tamotsu Tamaki e Marcos Bezerra, feriu outro gravemente e escapou de um cerco da polícia, às 18h10 de hoje. Fernando fugiu do 9º andar do flat L´Etoile, na esquina das alamedas Purus e Madeira, no centro comercial do residencial 2 de Alphaville, em Barueri. A polícia apreendeu parte do dinheiro do resgate e armas. O dinheiro e os armamentos estavam num dos quartos do flat. Fernando se hospedou no local usando o nome de Laudelino Pereira. Policiais civis e militares de São Paulo, Barueri e Osasco cercaram a região, mas não haviam conseguido prender o criminoso até as 21h30. Há a suspeita de que Fernando tenha sido ferido no tiroteio. Ele estaria acompanhado de duas pessoas. "Não dá para saber com certeza se o seqüestrador estava sozinho ao receber voz de prisão ou havia mais gente", disse o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), Gerson de Carvalho. "Dois policiais morreram e o outro policial está em estado grave." Denúncia O delegado Armando Bélio, titular do 91.º Distrito Policial, do Jaguaré, recebeu na manhã de hoje a informação de que Fernando estaria hospedado no flat desde a noite de terça-feira. Três investigadores foram para Barueri e, com um mandado de busca, entraram no apartamento ocupado por Fernando. Apreenderam pacotes com cédulas de R$ 50,00 e duas armas. O dinheiro seria parte do resgate pago pelo pai de Patrícia, o empresário Silvio Santos. Dois policiais seguiram para o 91º DP levando o dinheiro e as armas. Outros dois que tinham deixado a delegacia no começo da tarde foram para o flat e se juntaram a um outro policial que ficara vigiando, à espera do hóspede do 9° andar. Cabelo tingido Por volta das 18 horas, Fernando apareceu e não foi reconhecido. Estava com os cabelos tingidos. Além dos policiais do 91º DP, investigadores da Delegacia Especializada Anti-Seqüestro (Deas) também estavam no flat. Ao receber voz de prisão no andar, o seqüestrador atirou nos três policiais. Dois morreram no local. O terceiro, o investigador Reginaldo Guaruta Nardes, de 41 anos, foi atendido no flat pelo serviço de Resgate do Corpo de Bombeiros, de Barueri, e transportado de helicóptero para o Hospital das Clínicas. O policial está consciente, passa bem e deverá ficar em observação durante a noite desta quarta-feira. Não precisou ser submetido a cirurgia, pois a bala atingiu a clavícula e saiu pela omoplata. Bíblia Fernando fugiu. Ele e a namorada Jenifer, segundo a Deas ficaram com os R$ 500 mil pagos pelo resgate de Patrícia. Estão presos Esdras Dutra Pinto, de 19 anos, irmão de Fernando, e Marcelo Batista Santos, de 27 anos, o Pirata, que confessaram o seqüestro. Na casa dos irmãos, na rua Cambota, na Vila Progresso zona leste, foram apreendidos uma submetralhadora, dois revólveres calibre 38, a corda usada para amarrar Patrícia no cativeiro, uma Bíblia parcialmente queimada e a camisa amarela usada para compor o uniforme de carteiro utilizado pelos seqüestradores no dia do crime. Fernando trabalhou numa empresa no km 33 da Rodovia Raposo Tavares. Conhecia muito bem a região e por isso a escolheu para o recebimento do dinheiro do resgate. Indicou três pontos onde o portador do dinheiro deveria receber novas orientações, todos em Cotia. Buracos O dinheiro, deixado no trevo para Jandira, foi recolhido por Fernando, que estava num Gol branco. "Ele conhece todos os buracos da região", informou Esdras. A polícia apreendeu o Gol. Nascido em Guarulhos em 12 de fevereiro de 1979, Fernando trabalhou como açougueiro. Ajudava no sustento da casa e viveu parte de sua infância e adolescência em Cotia, na Grande São Paulo. Com sete irmãos, sempre foi considerado um dos mais inteligentes da família. Estudou até o 2º Grau e foi preso pela primeira vez em 30 de janeiro de 1999. Estava com um revólver calibre 38 e foi autuado na Delegacia Central de Cotia. Seu pai, Antônio Dutra Pinto, pagou a fiança e Fernando passou a responder ao processo em liberdade. Mas a primeira prisão não o atemorizou. Em 2 de novembro de 1999, voltou a ser preso com um outro revólver calibre 38, em Itapevi. Novamente autuado, Fernando ficou dois dias na cadeia pública da cidade. Acabou sendo liberado após o pagamento da fiança, pela segunda vez, pelo pai. Silvio Santos voltou hoje ao trabalho, interrompido na semana passada pelo seqüestro de Patrícia. Chegou às 10 horas nos estúdios do SBT e passou a manhã gravando o Show do Milhão. A perseguição a Fernando Dutra Pinto continua principalmente pelas cidades de Barueri, Jandira, Itapevi e Osasco.

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