Seqüestrador denuncia policiais em entrevista para TV

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um dos mais temidos seqüestradores de Campinas, Wanderson Nilton de Paula Lima, conhecido como Andinho, procurou hoje, uma emissora local de televisão para denunciar o envolvimento de seis policiais em seqüestros cometidos na cidade. A entrevista ocorreu quatro dias depois do afastamento de dois policiais, acusados de participação em vários desses crimes. Eudes Trevisan, investigador da Delegacia Anti-Seqüestros, e Rogério Luiz Salum Dinis, do 4º Distrito Policial, de Campinas, foram afastados por 60 dias depois que policiais da própria Delegacia Anti-Seqüestro passaram a investigá-los. Eles foram flagrados em conversas telefônicas com Andinho, acertando detalhes de um seqüestro. O grampo foi feito com autorização judicial. A polícia juntou duas horas de conversas. Trevisan admitiu o contato, mas negou o envolvimento com o seqüestrador. A polícia abriu inquérito policial e sindicância administrativa para apurar o caso. Os dois policiais foram afastados por 60 dias, prorrogáveis para 90. Depois disso, se as investigações ainda não estiverem concluídas, ambos deverão cumprir serviços burocráticos até o julgamento penal. O delegado Anti-Seqüestro Joel Antônio Santos, disse que outras pessoas foram citadas nas conversas telefônicas e estão sendo investigadas. Mas garantiu que nenhum dos citados é policial. Ele acredita que Andinho procurou a televisão para desacreditar a delegacia, que está prendendo os membros de sua quadrilha. No dia 1º deste mês, investigadores detiveram Cristiano Nascimento Faria e Edmar Carlos Bazilato em uma chácara na cidade de Americana. Os dois são ligados ao seqüestrador. Cinco dias antes, havia sido preso, em Campinas, outro membro da quadrilha de Andinho, Jimisol Pereira Soares. Na entrevista à tevê, o seqüestrador afirmou que estava em Americana no dia da prisão de seus dois comparsas, mas pagou US$ 150 mil para fugir. O delegado negou e disse que participou da diligência. "Nosso objetivo era prender Andinho, mas ele não estava lá", informou. Andinho contou ainda que os policiais forneceriam armas à sua quadrilha, visitariam os cativeiros, definiriam as vítimas e como deve ser feito o pagamento do resgate. O seqüestrador disse que procurou a televisão por temer ser morto pela polícia, como queima de arquivo. Santos reconheceu que os seqüestradores presos tinham uniformes da polícia e não descartou que eles tenham sido fornecidos pelos dois policiais acusados. Nomes - O diretor do Departamento de Polícia do Interior (Deinter) 2, Eduardo Hallage, disse que a emissora de tevê não informou o nome dos policiais citados por Andinho na entrevista. "Não posso investigá-los se não sei quem são", alegou. O diretor acrescentou que os responsáveis pela entrevista deverão ser chamados para depor. A emissora divulgou se o caso foi submetido ao seu departamento jurídico. Fugitivo da polícia desde junho do ano passado, quando escapou da Penitenciária de Hortolândia, Andinho está condenado a 20 anos de prisão por três homicídios. É um dos bandidos mais procurados de Campinas.

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