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Seqüestro no interior paulista já dura 100 dias

Por Agencia Estado
Atualização:

O administrador de empresas Roberto Benito Júnior, de 35 anos, levado por criminosos na noite de 2 de outubro em Salto, no interior paulista, ainda não foi libertado. O Grupo Estado só está publicando nesta quinta-feira o caso do seqüestro, que já é um dos mais longos do País, a pedido da família da vítima. Os seqüestradores de Robertinho, como o administrador é conhecido em Salto, fizeram poucos contatos com a família, que manteve também a polícia fora das negociações, como havia sido exigido pelos criminosos. O valor do resgate é elevado, e a família não tem condições de pagar a quantia pedida. Benito foi seqüestrado por volta das 18h30, quando fazia em um Ômega o trajeto entre seu escritório, na Rua 9 de Julho, para sua casa, na Rua Henrique Viscardi, em Salto. Emboscada O automóvel foi fechado por três carros ocupados por diversos homens. Um deles o obrigou a seguir para uma rua sem saída. Um outro, com um machado, destruiu o vidro da porta do Ômega, do lado do passageiro, ameaçou o administrador de morte e ordenou que passasse para o banco de trás. Segundo uma testemunha, que trabalha numa empresa perto do local da emboscada, o administrador foi levado em seu Ômega, que saiu em velocidade com um dos criminosos na direção. O carro foi encontrado algum tempo depois, com as portas abertas, na Estrada do Lageado, na periferia de Salto. Às 22 horas, a família teve a confirmação de que se tratava de um seqüestro. A princípio, pensava-se que Benito tivesse sido vítima de um assalto. O homem que fez o primeiro contato com a família disse que o administrador estava bem e prometeu fazer novos contatos. Carta Quinze dias depois, os parentes de Benito receberam uma carta escrita pelos seqüestradores e deixada na cidade de Itu. No texto, a quadrilha pedia resgate de valor considerado ?elevadíssimo? pela família. Após a carta, foram feitos outros contatos através do telefone. A exigência do pagamento continuou, e os criminosos não diminuíram a quantia, mesmo com as informações de que a família não tinha condições de pagar o preço estipulado. Duas semanas antes do Natal, os seqüestradores voltaram a manter contato com a família de Benito. Afirmaram que não teriam nenhuma pressa e não mudariam o valor do resgate. Desesperados com a falta de informações sobre Benito e de uma prova de vida do administrador, os parentes passaram algumas informações à imprensa, na expectativa de que apareça uma notícia concreta do rapaz. Denúncia O número de crimes de seqüestro aumentou em 323% em São Paulo. A polícia tem conseguido esclarecer dezenas de casos se valendo das informações do Disque-Denúncia. Das 34 mil ligações recebidas de outubro de 2000 a 31 de dezembro de 2001, 334 foram sobre seqüestro, e 113 envolveram seqüestros relâmpagos. É o 13º crime da relação de 39 registrados. A garantia do anonimato do denunciante é um fator decisivo nesses casos. Segundo o secretário da Segurança, Marco Vinicio Petrelluzzi, a colaboração da população tem sido fundamental no esclarecimento de casos do gênero, na prisão dos criminosos e descoberta dos cativeiros. ?As pessoas têm ligado para o 0800-156315, e vamos verificar em seguida. Temos equipes de plantão para investigar as denúncias.? Para identificar os grupos responsáveis pelos seqüestros e locais usados como cativeiros, Petrelluzzi informou que a população deve observar tudo o que for anormal na vizinhança: a ocupação repentina de um imóvel sem moradores há algum tempo; entrada e saída de pessoas diferentes e em horários diversos; carros variados estacionados nas redondezas; casas sem crianças e chegada de pratos rápidos todos os dias.

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