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Sérgio Cabral cobra punição de policiais ligados a traficantes

Governador do Rio acusou agentes corruptos de matarem colegas 'que estão combatendo o crime'

Por Alfredo Junqueira
Atualização:

RIO - O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), cobrou punição a policiais envolvidos com traficantes e apelou para o Poder Judiciário para que esses homens sejam mantidos foram das corporação das quais são expulsos.

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As declarações foram dadas após solenidade de assinatura de convênios com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que informou que a Polícia Federal também está mobilizada para identificar e deter policiais envolvidos com traficantes e outros desvios de conduta.

Cabral acusou os agentes que protegem ou que fazem negócios com bandidos de ajudar a matar "colegas sérios que estão combatendo o crime". O governador fez essas declarações ao ser questionado sobre as revelações do depoimento dado à Polícia Federal por Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico da Rocinha e que foi preso no fim da noite de quarta-feira.

Reportagem publicada na edição de hoje do jornal O Globo informa que o traficante disse à PF que entregava a policiais metade do que faturava com a venda de entorpecentes. A Secretaria de Estado de Segurança estima que a quadrilha de Nem faturava em torno de R$ 100 milhões por ano na Rocinha.

"Acho que tudo tem que ser investigado. Se for comprovado isso, os responsáveis têm que ser presos imediatamente, responder a processo disciplinar e penal", disse Cabral. "A coisa é tão cruel porque eles estão matando os próprios colegas. Aqueles colegas que verdadeiramente estão se dedicando a enfrentar o crime organizado", afirmou o governador, ressaltando, no entanto, acreditar que apenas uma pequena parte dos policiais se corrompe.

Cabral lembrou que muitos agentes processados por desvio de conduta e expulsos das polícias Militar e Civil acabam sendo reincorporados a partir de liminares concedidas pela Justiça.

Ele acredita que o assassinato da juíza Patricia Acioly, morta por policiais que participavam de grupos de extermínio em agosto, deve fazer com que os magistrados passem a atuar de maneira diferente nesses casos.

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"A partir do caso Patrícia, eu acho que a Justiça passou a enxergar de uma outra maneira. Porque muitas vezes o cidadão é expulso da PM, é expulso da Polícia Civil, mas consegue uma liminar para as vezes até voltar para a corporação", disse o governador. "Expulsar um policial corrupto ou por má conduta é uma dificuldade. Um delegado, caso se comprove a participação de algum delegado, é uma dificuldade. A Justiça tem que nos ajudar também cada vez mais, como já tem nos ajudado".

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