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Serra desafia PT a negar vínculo com as Farc

A uma rádio gaúcha, tucano também pregou contra o narcotráfico e avisou que, se eleito, pressionará os países exportadores de drogas

Por Elder Ogliari e PORTO ALEGRE
Atualização:

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, provocou a rival Dilma Rousseff e o PT a dizerem explicitamente que não têm vínculos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), durante entrevista ontem à Rádio Guaíba.Indagado sobre a "derrapagem" que seu vice, Índio da Costa (DEM), teria cometido ao tentar vincular o PT ao grupo guerrilheiro colombiano, Serra saiu em defesa do companheiro de chapa e aproveitou para atacar os adversários.O tucano considerou que Índio disse uma "banalidade" ao fazer a associação e afirmou que há evidências abundantes de que os integrantes das Farc são "sequestradores, cortam a cabeça de gente, são terroristas e fazem narcotráfico" para, na sequência, afirmar que eles "vieram ao Brasil e (foram) aqui abrigados" e acusar o governo federal de ter nomeado a mulher de um deles para um cargo público. "O próprio principal assessor da Presidência de relações exteriores os trata como não-terroristas, no fundo companheiros meio equivocados."Serra ressalvou duas vezes que não estava qualificando os petistas de narcotraficantes, deixando implícito que as vinculações que vê e não considera explicadas são de outra ordem. "Que os petistas sejam narcotraficantes isso o Índio nunca pensou nem eu", reiterou, sustentando que seu vice disse é que "o PT é aliado a uma força que pratica narcotráfico". Depois, passou às cobranças."Curiosamente ninguém do PT veio (explicar), e estão devendo essa explicação, inclusive a Dilma Rousseff, para dizer que eles não tinham nada com as Farc", emendou. "Você viu algum petista, inclusive a Dilma, explicando por que o PT é ligado às Farc, ou negando isso?"Em outra parte da pregação contra o tráfico de drogas, o tucano avisou que, se eleito, vai fazer pressão diplomática sobre países que exportam drogas para o Brasil. Também afirmou que o governo brasileiro pode citar as obras de infraestrutura que faz na Bolívia para pedir que o governo daquele país deixe de fazer "corpo mole" e tome "maior atitude" no combate ao tráfico.Ao defender Índio, Serra lembrou que ele já venceu quatro eleições e fez mais votos que o vice de Dilma, Michel Temer (PMDB), a quem considera "eleito na repescagem" em 2006. Elogiou o deputado do DEM como "líder importante" do projeto Ficha Limpa. "Na minha opinião ele é melhor que os outros dois", ressaltou, referindo-se a Temer e também a Guilherme Leal (PV), que, afirmou, não fez nada na vida pública. "Nosso vice foi escolhido por suas virtudes, não foi por nenhum troca-troca de cargos", comparou.Caminhada. Além de entrevistas às Rádios Pampa, Guaiba e Gaúcha, Serra fez um corpo a corpo com eleitores na Rua dos Andradas. Cumprimentou pessoas, tirou fotos, distribuiu e recebeu abraços dentro de uma agência bancária, uma farmácia e uma banca de revistas. Em alguns momentos foi aplaudido e em duas vezes sua comitiva aumentou o volume do coro que fazia gritando o nome de Serra para abafar vaias esparsas e provocações de quem gritava "Dilma". O último ato foi uma visita à sede da Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul, onde criticou o Movimento dos Sem-Terra (MST).Nada constaEm Nova York, Marina Silva (PV) negou que o PT tenha laços com as Farc. "Não faço coro aos que acusam o PT de relações com as Farc. Em todos os meus anos no PT, nunca escutei algo assim."

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