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'Serra levará surra se não for a Manaus'

Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado. Virgílio reage a dúvidas sobre sua lealdade e diz que presidenciável tem de 'mergulhar' no AM para obter melhor resultado

Por Christiane Samarco de Brasília
Atualização:

Alvo de críticas de setores do PSDB e da campanha presidencial do tucano José Serra, que amarga os maiores índices de rejeição e a pior performance do Brasil no Amazonas, o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM), devolve as cobranças. "O Serra precisa fazer campanha lá, ou vai levar uma surra pesada no Estado. Eu não posso operar milagres. Sou leal, mas não sou mágico e não hipnotizo ninguém." Virgílio admite que será impossível derrotar a petista Dilma Rousseff no Amazonas, mas aposta que dá para "reduzir bastante" a diferença em favor do PT, que tem o dobro de votos para presidente no Estado. O que mais irritou o líder esta semana foram as dúvidas levantadas nos bastidores da campanha sobre seu empenho em eleger Serra no Amazonas. "Se eu identificar um tucano que falou uma bobagem dessas, será expulso do partido, seja quem for. Tenho força o suficiente para isso e muito pouca paciência para aturar uma canalhice dessas a dois meses da eleição", protestou nesta entrevista ao Estado. A quem o sr. atribui as críticas públicas de que foi alvo esta semana?Já duvidaram da lealdade do senador Tasso Jereissati (CE), do ex-governador Aécio Neves (MG) e, agora, levantam dúvidas em relação a mim. O Aécio me telefonou ontem e me disse: "Quando houver esse tipo de indecência contra você, pense em mim que você não fica triste." Duvidar da minha lealdade e do meu valor como militante é indecoroso. Por que José Serra tem seu pior desempenho eleitoral no Amazonas?Esse é um processo no qual eu sou vítima e não réu. O Serra foi demonizado pelos políticos, por conta da Zona Franca de Manaus. Durante anos, ele ficou com a pecha de inimigo da Zona Franca. Mas o próprio candidato já deu declarações em favor da Zona Franca.Deu, mas isso não muda de uma hora para outra. Melhorou, mas tem de trabalhar mais na capital. Ele não é malquisto no interior, mas aí a questão é outra: ele tem de enfrentar a popularidade do presidente Lula. Antes de o presidente Lula entrar no Amazonas, ele chegou a ter 40% da preferência do eleitorado. Como o sr. já disse que o palanque de Serra no Amazonas é o Arthur Virgílio, há quem o responsabilize pela má performance de Serra no Estado. O Serra precisa fazer campanha lá. Ele só fez uma viagem a Parintins, foi muito bem recebido, mas é pouco. Ele tem de debater com Manaus e mergulhar no interior do Estado em busca de um melhor resultado. Sozinho, não dá para eu fazer (campanha). Ou o Serra cumpre o roteiro que eu propus para ele no interior e faz uma viagem urgente a Manaus, ou vai levar uma surra pesada no Amazonas. O sr. se sente injustiçado com as cobranças? O Serra sabe da minha lealdade. Pode ser que ele tenha prestado muito mais serviços ao País do que eu, mas ninguém apresenta mais feridas de guerra em defesa do PSDB do que eu. Só alguém à beira da idiotia pode fazer que não entende como eu segurei a oposição ao governo Lula nos últimos oito anos. Sou um amigo leal. Me elegi senador lutando pelo Serra no Amazonas. Encerrei a campanha dele contra o Lula (em 2002) com um culto na Assembleia de Deus que reuniu 12 mil pessoas porque não tínhamos dinheiro nem espaço para nos mexer. Também há críticas contra a campanha, que estaria muito fechada e centrada em São Paulo.A campanha está fechada demais. A sugestão muito clara que eu faço é que o núcleo central da campanha saia de São Paulo e se instale em Brasília, no centro nervoso do País e mais próximo de todo mundo. Em São Paulo, pode deixar só os áulicos sem palácio - que são o pior tipo de áulicos, bajuladores. A turma da intriga e da safadeza é melhor que fique por lá.

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