Serra tenta dissociar Dilma de Lula e diz que não se governa 'na garupa'

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Por Julia Duailibi
Atualização:

Discurso.

Serra, com William Bonner e Fátima Bernardes; tucano usou metáforas futebolísticas para comparar Lula e FHC

 

 

 

 

 O presidenciável do PSDB, José Serra, aproveitou ontem sua participação no Jornal Nacional, da Rede Globo, para criticar, indiretamente, a adversária Dilma Rousseff (PT) ao dizer que um candidato a presidente não pode ser "monitorado por terceiros", mas ter "ideias a respeito do futuro".

Durante os 12 minutos em que foi entrevistado por Fátima Bernardes e William Bonner, Serra colocou em prática a principal estratégia da campanha: insistir na tese de que Dilma não é Lula. Destacou ainda sua "origem modesta" e usou metáforas futebolísticas, como faz o petista.

"Lula não é candidato a presidente. A partir do dia 1.º de janeiro, não vai ser mais presidente. Quem estiver lá vai ter de conduzir o Brasil. Não há presidente que possa governar na garupa ou ouvindo terceiros ou sendo monitorado por terceiros", disse sem falar em Dilma.

Questionado sobre o motivo de evitar comparação entre as gestões Lula e FHC, Serra disse que a disputa não é sobre o passado. "É como se eu ficasse discutindo, para ganhar a próxima Copa do Mundo, quem foi o melhor técnico: Scolari ou Parreira."

O tucano chegou a defender o governo Fernando Henrique ao falar do Plano Real. "Palocci, que foi ministro da Fazenda do Lula e hoje é o principal assessor da candidata do PT, nunca parou de elogiar o governo FHC."

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Serra foi o terceiro e último presidenciável a ser entrevistado pelo telejornal, que obteve ontem 32 pontos de audiência, segundo dados preliminares do Ibope na Grande São Paulo. No horário, o porcentual de televisores sintonizados na Globo dentro do universo de aparelhos ligados foi 48%. Cada ponto corresponde a 56 mil domicílios. Na segunda, quando Dilma foi entrevistada, a prévia foi de 33 pontos. Anteontem, a audiência média na entrevista de Marina Silva (PV), na prévia, foi de 30 pontos.

Defesa. Bonner questionou Serra sobre a aliança entre o PSDB e o PTB, de Roberto Jefferson, envolvido no caso do mensalão.

O tucano rebateu afirmando que "os personagens principais do mensalão nem foram do PTB, foram do PT, mediante denúncia do Roberto Jefferson". E completou: "Jefferson conhece muito bem o meu programa, meu estilo de governar. O PTB está conosco nessa perspectiva".

Serra foi confrontado com o modelo de concessão dos pedágios, aplicado em sua gestão no governo paulista. Disse que o "governo federal fez um tipo de concessão que não está funcionando" e citou números que comprovariam a falta de investimento. "Foram R$ 45 bilhões do contribuinte para investir em estrada que não foram utilizados." Prometeu usar os recursos.

Serra defendeu o vice Índio da Costa (RJ) quando questionado sobre a pouca experiência dele. "Se pegar outros vices, do ponto de vista da experiência pública, cada um tem suas limitações. O meu vice, jovem, ficha limpa, preparado, com muita vontade e do Rio, é um vice adequado." Logo emendou dizendo que tem "muita saúde". "Ninguém está sendo vice achando que não vou concluir o mandato."

Serra rebateu críticas de ser centralizador e afirmou que é mais "cobrador". Destacou também a origem modesta, para chegar ao eleitor de mais baixa renda. "Meus pais eram de origem muito modesta. Devo a eles até onde cheguei. Devo a eles, devo à escola pública, e acabei virando professor universitário, sempre ligado às questões públicas", disse até ser interrompido por Bonner ao estourar o tempo. / COLABOROU CRISTINA PADIGLIONE

"Não há presidente que possa governar na garupa, ouvindo terceiros ou sendo monitorado por

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Terceiros"

"O governo Lula fez coisas positivas, outras coisas deixou de fazer. A discussão não é o

Lula, é o que vem para a frente"

"Eu não sou centralizador. No trabalho, eu delego muito, eu sou mais um cobrador"

"Não tenho compromisso com nenhum erro. Não faço loteamento de cargos"

"Antonio Palocci, que foi ministro do Lula e hoje é o principal assessor da candidata do PT, nunca parou de elogiar o governo Fernando Henrique"

"Nunca o Brasil esteve com as estradas tão ruins. O governo federal fez um tipo de

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concessão que não está funcionando"

Altos...

1. Manteve-se calmo e falou sempre com clareza e naturalidade, transmitindo imagem de simpatia

2. Abordou propostas concretas como investimentos em estradas e melhoria dos serviços de saúde

3. Evitou termos técnicos, siglas e números. Usou frases curtas e metáforas de fácil compreensão

...e Baixos

1. Não deixou claro como compatibilizar a melhoria das estradas com a tarifa de pedágio adequada

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2. Teve dificuldade para explicar a aliança com o PTB, partido envolvido no escândalo do mensalão

3. Estourou o tempo no final e não conseguiu concluir a sua despedida aos telespectadores

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