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Servidora é demitida por violação de sigilo de políticos do PSDB

Acusada de acesso ilegal a dados de tucanos em Mauá, Adeildda Santos estava afastada e agora pode processar a União

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Por Fausto Macedo
Atualização:

A analista Adeildda Ferreira Leão dos Santos, acusada de violar o sigilo fiscal do vice-presidente executivo do PSDB, Eduardo Jorge, e de outros políticos tucanos, foi demitida dos quadros do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Com 20 anos de carreira e salário de R$ 1,2 mil, Adeildda estava afastada das funções desde setembro de 2010, quando a Receita e a Polícia Federal concluíram que ela acessou dados confidenciais de contribuintes na Agência do Fisco em Mauá, Grande São Paulo."A corda arrebentou do lado mais fraco", protesta o advogado Marcelo Panzardi, especialista em direito administrativo, defensor de Adeildda, dispensada em maio. "Onde está o mandante? Quem mandou fazer essas buscas que atingiram Eduardo Jorge e a filha do José Serra? O interessado era alguém do PT? Ou do PSDB? Quem foi? Essa é a grande pergunta que vai ficar no ar, não vai ter resposta."O escândalo estourou durante a campanha à Presidência em 2010. Na unidade da Receita em Santo André, por meio de procuração falsa, foram abertas declarações de Verônica Serra, filha do ex-governador. Adeildda foi indiciada pela PF, por corrupção. O delegado Hugo Uruguai relatou parcialmente o inquérito, atribuindo ao jornalista Amaury Ribeiro Júnior o comando da ação.A investigação policial não está encerrada, como também não chegou ao fim procedimento administrativo disciplinar da corregedoria da Receita. Outros servidores foram indiciados pela Polícia Federal. Despachantes também foram enquadrados porque receberam pagamentos em dinheiro para vasculhar os arquivos reservados.O ato de demissão de Adeildda ocorreu em fevereiro, segundo o Serpro. "Ela (Adeildda)fez coisa errada? Fez, mas quem pediu a ela? Ela tem de responder isoladamente pelos atos que cometeu se não há conclusão nem do inquérito criminal, nem do administrativo?", insiste Panzardi, que estuda eventual ação indenizatória contra a União e reintegração.Adeildda era funcionária do Serpro emprestada à Receita. Trabalhava sob regime da CLT. Em fevereiro, ela recebeu "comunicado de intenção de desligamento", enviado pela Divisão de Gestão de Pessoas do Serpro. Foi informada que tinha o direito de pedir reconsideração do ato no prazo de 5 dias perante "comitê de análise dos casos de dispensa sem justa causa".

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