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Sete pessoas são encontradas esquartejados em carro no Rio

Polícia acredita que cinco jovens foram confundidos por traficantes de facção rival

Por Agencia Estado
Atualização:

A polícia investiga a morte de sete pessoas, cujos corpos foram encontrados esquartejados na manhã desta quinta-feira, 25, num carro, próximo a um posto de saúde, em Del Castilho, na zona norte do Rio. Cinco corpos são de jovens, que saíram de casa na noite de quarta-feira para jogar futebol com amigos em Bonsucesso, na zona norte. Por serem moradores da Vila do João, uma das favelas do Complexo da Maré, foram seqüestrados, torturados e esquartejados. Um outro adolescente que os acompanhava conseguiu escapar. Os corpos dos rapazes, com idades entre 14 e 18 anos, foram abandonados em um Siena, próximo a um posto de saúde em Del Castilho, na zona norte. Outros dois adultos, mortos na mesma sessão de torturas, também foram deixados no carro. Os garotos saíram de casa por volta das 18 horas. Um deles, Maurício da Costa Andrade, 17 anos, estagiário da Imprensa Oficial do Município, chegou do trabalho, pegou o material de futebol e saiu para encontrar os amigos. Eles tomaram uma lotada e seguiram em direção a Bonsucesso. Na Rua Uranos, próximo ao Morro do Adeus, o grupo foi abordado por traficantes. Eles foram levados para o alto do morro no veículo. Depois que o motorista da kombi foi liberado, os garotos sofreram torturas e chegaram a ser arrastados pelas vias da favela - os corpos têm escoriações compatíveis com esse tipo de agressão, informou a perícia. Um dos adolescentes conseguiu escapar. Ele voltou para casa, bastante machucado, e procurou as famílias das vítimas. Ainda na noite de quarta-feira, a irmã de Maurício foi à 21.ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso) e registrou o seqüestro dos jovens. Já era tarde. Os meninos foram mortos por volta das 22 horas. Pela manhã, os corpos foram deixados esquartejados na Estrada Ademar Bibiano. Numa das pernas cortadas, a tornozeleira que seria usada no jogo de futebol. Além de Maurício, foram mortos Flávio Felipe da Conceição, de 14 anos, André Luiz Santos, de 15, Rodrigo Jaime Santiago Borges, de 17, e Jaime Klecio Lima, de 18. Nenhum deles tinha passagem pela polícia, informou o delegado Jader Amaral, da 44.ª Delegacia de Polícia (Inhaúma). Além dos adolescentes, havia dois adultos. "Ainda não sabemos se eram pessoas que já estavam `presas´ no morro ou se eram também passageiros da kombi", afirmou Amaral. Os policiais acreditam que os jovens foram mortos por terem sido confundidos com traficantes de facção rival ou por vingança. A Vila do João e o Morro do Adeus já foram controlados pelo grupo Amigos dos Amigos (ADA). Hoje, o Adeus está sob comando do Terceiro Comando Puro (TCP) e os traficantes das duas favelas estão em guerra. Na semana passada, criminosos da Vila do João tentaram retomar o controle das bocas-de-fumo do Morro do Adeus. A polícia interveio. Um criminoso identificado como Pipoca, do Adeus, foi morto e outro preso. Chefe do tráfico Nesta quinta-feira, o gerente do tráfico da Vila dos Pinheiros, favela vizinha à Vila do João, identificado como Mocotó, foi morto carbonizado em um carro. Ele foi assassinado a mando do chefe do tráfico na região Edmilson Ferreira dos Santos, o Sassá, que está preso. O tenente-coronel Ruy Loury, comandante do Batalhão da Maré, acredita que o caso não tenha ligação com a chacina. Mais mortes Na noite de quarta-feira, quatro homens foram mortos a tiros, em Irajá, na zona norte da cidade. Eles foram retirados de dentro de um Astra vinho, roubado no domingo e executados na Rua Marquês de Aracati e Monsenhor Félix. A 27.ª Delegacia de Polícia (Vicente de Carvalho) invesiga se esse crime tem a ver com o assassinato do policial civil Jorge Marinho e o agente penitenciário Odymar Venâncio, mortos num assalto ocorrido no bairro na última segunda-feira.

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