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Sinalizador de R$2,50 causou incêndio em boate de Santa Maria, diz delegado

Artefato fabricado para ser usado em lugares fechados é mais caro e custa R$ 70

Por Ana Flor
Atualização:

SANTA MARIA - O sinalizador que causou o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, era de uso externo e custou R$ 2,50, concluiu a polícia da cidade gaúcha, que conseguiu provas de que os integrantes da banda que se apresentava na casa optaram pelo artefato mais barato ao invés do fabricado para interiores, que custa R$ 70. Esta foi apenas uma da série de irregularidades encontradas nos acontecimentos que levaram ao incêndio e à morte de 234 pessoas na madrugada de domingo, disse o delegado Marcelo Arigony, responsável pelo inquérito policial, durante entrevista coletiva nesta terça-feira. Ele citou ainda outros indícios da investigação, como extintores de incêndio falsificados ou vencidos, o não funcionamento da iluminação de emergência, o tamanho pequeno da única porta de saída, além de alvarás vencidos. "Diversas testemunhas confirmaram que o sinalizador foi aceso por um dos músicos, que, inclusive, usava uma luva para proteger a mão", disse o delegado, acrescentando que 44 pessoas já foram ouvidas. A Polícia Civil e o Ministério Público acreditam que o local também abrigava cerca de 1.000 pessoas, enquanto a lotação era de 690 indivíduos. A tese de superlotação, que havia sido praticamente descartada na segunda-feira, voltou a integrar as hipóteses policiais. A polícia também já sabe que dois alvarás do estabelecimento estavam vencidos: o sanitário e o plano contra incêndios. "Por tudo o que eu digo, qualquer criança vê que a casa não tinha condições de funcionar", disse ele a jornalistas. Mais cedo em outra entrevista coletiva, um representante da Prefeitura de Santa Maria afirmou que a responsabilidade por fiscalizar o plano de incêndio é do Corpo de Bombeiros, órgão estadual. 

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