Sindicato desrespeita Justiça e prejudica 10 milhões

Liminar garantia a manutenção de 100% da frota do Metrô nos horários de pico e 80% nos demais horários, em caso de greve

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Por Agencia Estado
Atualização:

Ao iniciar a greve por 24 horas à meia-noite de segunda-feira, 14, o Sindicato dos Metroviários descumpriu uma liminar do Tribunal do Trabalho de São Paulo que garantia a manutenção de 100% da frota do Metrô nos horários de pico - entre 6 e 9 horas e entre 16 e 19 horas - e 80% nos demais horários, em caso de greve. O descumprimento implica em multa diária de R$ 100 mil para o sindicato. A greve deve ser julgada até esta quinta-feira, 17, de acordo com o Ministério Público do Trabalho. "No julgamento será decidido se a greve é abusiva ou não. Se for considerada abusiva, o Sindicato dos Metroviários terá de pagar, de acordo com determinação do Ministério Público do Trabalho, a multa de R$ 100 mil, decisão na qual pode recorrer a instâncias superiores", de acordo com a procuradora regional do trabalho, Oksana Boldo. Os metroviários entraram em greve por serem contra a Parceria Público Privada (PPP) que vai operar a Linha 4 do Metrô. Eles consideram a PP uma forma de privatização do sistema. O Metrô não poderia ter parado totalmente, por ser um meio de transporte público e, por isso, ser considerado serviço essencial, de acordo com a lei 7.783 de 28/06/1989. Para a advogada trabalhista Elizabeth Djehadian, é difícil que a greve não seja considerada abusiva. "O motivo, a Parceria Público-Privada para o funcionamento da Linha Amarela, não seria plausível para prejudicar tantas pessoas", acredita Elizabeth. Para ela, os interesses envolvidos nessa greve são menores que os da própria coletividade. "Eles podem usar o direito constitucional que garante a greve, mas devem fazer uso desse direito de uma forma respeitadora e de acordo com a legislação", defende a advogada. Transtornos A circulação de veículos na cidade de São Paulo ficou muito comprometida nesta terça-feira, 15, devido à paralisação. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) suspendeu o rodízio e estima que o trânsito, à tarde, fique tão complicado quanto na manhã, quando o índice de congestionamento bateu o recorde para uma terça-feira, com 188 quilômetros, às 9 horas. Todas as estações da Companhia do Metropolitano não operaram nesta terça-feira. A empresa calcula em 2,8 milhões o número de usuários que deixaram der ser atendidos. Mas os 10 milhões de habitantes da capital foram prejudicados, mesmo que indirentamente, pela greve. Os mais prejudicados pela greve foram os trabalhadores que dependem do transporte público. Muitos desistiram de ir para o trabalho. Edvaldo de Sousa Oliveira, 34 anos, foi pego de surpresa pela porta fechada do Metrô Jabaquara, às 5 horas da manhã. Ele chegou a descer as escadarias até a entrada para ler o cartaz que anunciava a greve. Um segurança do Metrô se aproximou e ainda tentou consolá-lo: "É só por 24 horas". Mas Oliveira riu do vigia: "Vinte e quatro horas já são suficientes para estourar com a vida da gente." O operador de caixa deu as costas ao segurança em seguida. Nem ônibus ele pegaria. "Não adianta, nem sei como chegarei lá de ônibus. E, se eu chegar, já vai ser muito tarde." Oliveira voltou para casa. O contrato da PPP entre o governo do Estado de São Paulo e o consórcio que vai operar a Linha 4 do Metrô (Luz-Vila Sônia) ainda não foi assinado, pois depende do julgamento de um recurso do Sindicato dos Metroviários, no Tribunal de Justiça. Ampliada às 17h10

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