Sindicato dos agentes penitenciários quer investigação do "caos"

Agentes criticam principalmente o secretário de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp), Cícero Sarnei dos Santos, disse hoje que vai pedir ao Ministério Público Estadual uma investigação rigorosa dos conflitos e rebeliões que causaram a morte de agentes, policiais e civis no Estado de São Paulo. Segundo ele, o governo tem responsabilidade pelo "caos" que se instalou no sistema prisional. "O governo não tem o controle e, se as rebeliões regredirem, é porque já atingiram o ponto mais alto possível." Ele critica principalmente o secretário de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa. "Estamos alertando o governo há vários anos, mas nunca fomos ouvidos pelo secretário." Santos defendeu a saída do secretário que, acredita, vê apenas o lado do preso, esquecendo-se do funcionário dos presídios e da sociedade. "Ele não aceita sugestão, nem crítica, por isso é melhor que o governador passe o bastão para outra pessoa." Segundo Santos, o secretário deve ser alguém com visão prática da questão do preso, como um delegado da Polícia Civil ou oficial da Polícia Militar. "Isso ajudaria, inclusive, à integração das duas forças." Pelas contas do sindicato, até a tarde de ontem tinham morrido 6 agentes nos ataques do PCC. "Ainda não sabemos se houve mortes e quantos ficaram feridos nas rebeliões." Ele disse que o Estado será responsabilizado. "Vamos buscar as responsabilidades pelo que está acontecendo." Policiais mortos O último balanço do governo mostra que são 51 as penitenciárias e centros de detenção controlados por presos rebelados. No auge da megarrebelião, eram 67 as unidades tomadas, onde os detentos mantinham reféns e visitantes retidos. O Palácio dos Bandeirantes ainda não tinha detalhes sobre como as 16 unidades foram retomadas pelas autoridades. A megarrebelião lançada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) - organização criminosa comandada de dentro dos presídios paulistas - começou na sexta-feira. Ao mesmo tempo, foi lançada uma série de ataques a bases militares. Desde sexta-feira houve 100 ataques e 52 pessoas morreram. Entre os mortos estão 35 policiais civis, militares, integrantes de guardas metropolitanas e agentes de segurança de penitenciária; 3 civis e 14 suspeitos. Entre os feridos há 24 policiais militares; 5 policiais civis; 5 guardas metropolitanos; 2 agentes penitenciários; 8 cidadãos e 6 suspeitos. Motivos da rebelião A seqüencia de ataques e a megarrebelião seriam uma reação dos integrantes da organização criminosa à transferência de seus líderes para a carceragem do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), em São Paulo, e de cerca de 700 presos ligados ao PCC para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. Mas a transferência foi feita justamente porque o governo estadual descobriu que o PCC planejava uma megarrebelião para este final de semana. Fontes do Palácio dos Bandeirantes avaliam que esta megarrebelião, a maior da história do País, tem como principal objetivo marcar a posição do PCC, demonstrar força e desviar a atenção das autoridades para facilitar os ataques às bases policiais. Em geral, os rebelados não estão promovendo destruição das unidades.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.