PUBLICIDADE

Sindicato nega excesso de jornada de motoristas da Andorinha

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários de Presidente Prudente, Waldir Nole Schiavon, descartou hoje a possibilidade de que o excesso de jornada dos motoristas pudesse ser a causa do acidente com os dois ônibus da empresa Andorinha que causou a morte de 32 pessoas, domingo, em Regente Feijó, oeste do Estado de São Paulo. Segundo ele, as planilhas de tráfego da empresa, requeridas pelo sindicato logo após o acidente, demonstram que a jornada de trabalho era normal. Os motoristas Pedro Esmênio Carneiro, de 47 anos, e Vanderlei Aparecido Panício, de 50, que estavam no volante dos ônibus, também morreram no acidente. Panício, que dirigia o ônibus procedente de Bauru, estava na empresa havia mais de 13 anos e morava em Prudente. De acordo com a planilha fornecida pelo sindicato, ele folgou na quinta-feira e trabalhou normalmente na sexta e no sábado, fazendo viagens de ida e volta entre Presidente Prudente e Bauru. No sábado, viajou para Bauru no ônibus da 13h30, mas como passageiro. Só voltou a assumir o volante no domingo, às 19 horas, noite em que aconteceu o acidente. Já o motorista Carneiro estava na Andorinha havia pouco mais de dois anos, porém trabalhara mais de 10 anos em outra grande empresa de ônibus. Seu último dia de folga fora na terça-feira. No sábado, saiu de São Paulo às 20h50 e chegou a Presidente Prudente às 3h50 de domingo. Iniciou nova viagem com destino à capital às 22h30 do mesmo dia, mas viajou só 40 minutos - foi quando ocorreu o acidente. Segundo Schiavon, a planilha demonstra que o intervalo mínimo de 12 horas entre uma viagem e outra foi observado. Segundo ele, as planilhas foram encaminhadas para a Subdelegacia Regional do Ministério do Trabalho. O presidente do sindicato conversou também com as esposas dos motoristas e ambas relataram que os maridos não se queixaram de cansaço. Panício, que ia se aposentar no fim do ano, morava em Pirajuí e deixou dois filhos. Segundo a esposa, Simone Vasconcelos, ele havia dormido bem e estava descansado. A mulher de Carneiro, Maria Aparecida, também confirmou que o marido, pai de três filhos, estava descansado e tranqüilo. A Polícia Científica deve concluir o laudo sobre as causas do acidente em 30 dias. A empresa Andorinha contratou um especialista para realizar uma perícia própria. "Queremos entender o que aconteceu", justificou o gerente-geral José Eduardo Carvalho Chaves. Segundo ele, os dois motoristas eram experientes e a empresa tem uma rotina de treinamentos. Chaves disse que a empresa deve interpelar judicialmente o coordenador da Organização Não Governamental (ONG) SOS Estradas, Rodolfo Alberto Rizzotto, que, em declarações à imprensa, atribuiu o acidente ao cansaço dos motoristas. "Ele não poderia fazer uma afirmação dessas sem conhecer os fatos." Rizzotto está nos Estados Unidos e não foi localizado por telefone. Segundo Chaves, os ônibus da Andorinha percorrem 54 milhões de quilômetros por ano e o número de acidentes é muito baixo. A ocorrência anterior com vítimas tinha sido registrada há três anos, quando um ônibus tombou próximo de Nova Andradina (MS) e três passageiros morreram.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.