Superlotadas, quatro cadeias do Vale do Paraíba podem ser interditadas pelo Ministério Público. Depois de uma vistoria de cinco horas nas cadeias de Cruzeiro, Guaratinguetá, Aparecida e Lorena, o Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo decidiu intervir e vai encaminhar o pedido de interdição à Justiça e também à Secretaria de Segurança Pública do Estado. "Os animais em jaulas vivem melhor. Esperávamos que a situação estivesse ruim, mas vimos coisas piores, um estopim", considerou o presidente do sindicato, João Batista Rebouças Neto. Na cadeia de Lorena há 98 presos onde cabem 24 pessoas. Em Aparecida, a situação é semelhante: 133 homens para uma capacidade de 35 presos. A cadeia, segundo os policiais civis, não tem mais condições de receber novos detentos. Na cidade de Guaratinguetá a situação é ainda pior. Por falta de espaço, os presos destruíram as paredes das celas durante uma seqüência de pequenos motins e circulam livremente entre elas. São 136 presos para 60 vagas. "O preso também é refém desta situação. Os policiais ainda mais. Alguma coisa tem que ser feita". A situação melhor está em Cruzeiro, onde na cadeia para 40 pessoas estão 72 detentos. Dos 439 presos que estão nas quatro cadeias, 140 já foram condenados e não são transferidos para presídios do Estado de São Paulo por falta de vagas. De acordo com o sindicato, não há vagas nos presídios da região, como os de Tremembé e de Potim, porque as celas estão ocupadas por presos que eram do Complexo Carandiru e de carceragens da capital, desativados pelo Governo do Estado. Secretaria de Segurança Por meio da assessoria de imprensa a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo informou que trabalha pela extinção das carceragens em distritos, com a liberação de policiais para cuidar do trabalho de investigação e do atendimento à população. Ainda segundo a SSP, foram fechadas carceragens da capital e das maiores cidades do interior, como Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Itu, Sorocaba, Taubaté, Bauru e São José do Rio Preto. Nos últimos seis anos o número de presos sob responsabilidade da Secretaria caiu de 32.319 para 17.593 presos, sendo 6.159 condenados. A desativação das cadeias públicas do Vale do Paraíba está inserida nos planos do governo do Estado, quando novas unidades prisionais forem inauguradas.