Sininho nega ser filiada a partidos políticos

Em depoimento à Polícia Civil, a manifestante disse que seus pais eram do PT

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Por Marcelo Gomes
Atualização:

RIO - A manifestante Elisa de Quadros Pinto Sanzi, conhecida como Sininho, de 28 anos, afirmou em depoimento à Polícia Civil do Rio, ao qual o Estado teve acesso, que não é filiada a partidos políticos e que seus pais foram do PT. A ativista relatou também que não se considera "liderança" nas manifestações e não possui vínculo com ONGs. As declarações foram dadas na tarde da terça-feira, 11, na 17.ª DP (São Cristóvão), no inquérito da morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, de 49 anos.

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Sininho foi intimada a depor após o advogado Jonas Tadeu Nunes afirmar publicamente no domingo que havia recebido uma ligação dela, durante a qual teria lhe oferecido apoio de uma equipe de advogados para defender o tatuador Fabio Raposo, a mando do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL).

A manifestante disse que conhece Raposo, de 23 anos, desde o ano passado, quando ocorreram os protestos Ocupa Câmara e Ocupa Cabral. Ela, contudo, negou conhecer o auxiliar de limpeza Caio Silva de Souza, de 22 anos, preso na madrugada de quarta-feira, 12, na Bahia, suspeito de acender o rojão que vitimou o cinegrafista. Já Raposo está preso desde domingo, após admitir ter repassado o artefato a Souza.

A ativista afirmou que partiu dela a iniciativa de procurar a família de Raposo para ajudá-lo, "sendo um comportamento que lhe é peculiar, por solidariedade, quando uma pessoa envolvida com o movimento é presa".

Explicação. Em depoimento, Sininho admitiu que, na manhã de domingo - quando Raposo se apresentou na 17.ª DP na companhia do advogado Jonas Tadeu Nunes -, entrou em contato com o deputado Marcelo Freixo "em razão de sua atuação positiva na garantia de direitos fundamentais dos presos (políticos, a entendimento da declarante) que foram encaminhados ao sistema prisional do Estado durante as últimas manifestações". O contato com Freixo, diz o depoimento, "foi feito pela preocupação da declarante com o destino e estado em que Fabio se encontrava", diz a transcrição do depoimento.

Segundo Sininho, depois de falar com o deputado, ela telefonou para o estagiário Marcelo Matoso. Indagada pela polícia se teria perguntado ao estagiário "se estaria precisando de auxílio jurídico especializado para Fabio Raposo, disse que sim, mas o fez por achar que o advogado que já o acompanhava (Jonas Tadeu Nunes) não era o advogado definitivo". A ativista contou que a mãe de Raposo havia lhe dito que o defensor viria de Brasília e, por isso, ela achou que Nunes seria um advogado provisório.

Sininho negou ter dito que Fabio Raposo ou Caio Silva de Souza sejam ligados a Freixo.

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Questionada pela polícia se teria dito a Jonas Tadeu Nunes que o parlamentar do PSOL teria advogados a sua disposição para ajudar na defesa de Raposo, Sininho disse que "por ser o deputado presidente da Comissão de Direitos Humanos (da Assembleia Legislativa do Rio) poderia dar assistência para garantia dos direitos fundamentais de Fabio e não assistência jurídica, sendo nesse ponto mal interpretada" (pelo advogado).

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